A Porta Ao Lado parte da relação entre vizinhos para trazer temas densos, seja pelo olhar individual ou pelos casais.
Com uma temática que aborda os limites de um relacionamento, fidelidade, traição, amor e paixão, o filme traz a história do encontro dos casais Rafa (Dan Ferreira) e Mari (Letícia Colin), que vive um casamento monogâmico e estável, e Fred (Túlio Starling) e Isis (Bárbara Paz), que mantém uma relação aberta. A proximidade com os novos vizinhos desperta em Mari uma série de desejos e dúvidas, e o encontro dos quatro faz com que todos repensem suas escolhas.
Essa densidade de sentimentos é balanceada pela direção de Julia Rezende (Depois a Louca Sou Eu) que parte de diversos momentos, seja individuais ou dos casais, para trazer um filme que fala das relações humanas e principalmente, como cada um percebe o amor.
Para isso, temos uma abordagem que transita entre momentos, com os casais, individuais e com os quatro em cena. Mesmo com um primeiro ato que inicialmente parece arrastado, conversa bem, com o que vemos na sequência de atos.
O roteiro externaliza os sentimentos dos personagens em diálogos fortes, mas que parecem saídos de uma DR, trazendo empatia, principalmente para quem possa concordar e discordar com que se passa na tela.

E as atuações permeiam este elemento também, Letícia Colin traz a pessoa fechada, que quer se descobrir, o homem apaixonado e perfeito por Dan Ferreira, o casal que busca outras formas de amor, além de seu casamento. E a química em cena de Túlio Starling e Bárbara Paz transmite isso.
E os temas têm a tendência de crescer quando temos a dinâmica acertada, e o longa não se perde na história que quer contar, e como abordar as histórias de cada um, principalmente sobre o relacionamento aberto dos vizinhos.
Ao fazer isso, o roteiro traz cumplicidade e amor em diversas formas, deixando espaço para discussões maiores, como o que é traição dentro do pensamento de cada casal e individualmente. E as discussões também de outros elementos.
Essa forma que Julia traz, principalmente nas cenas de sexo, onde a história tem que sobressair do corpo nu, é ótimo de se ver. E sentir empatia, de criarmos uma relação com os quatro à sua forma. E também dar espaço para outras pessoas pensarem diferente da mesma cena.
A montagem final consegue englobar, sem deixar excessos e principalmente dar tempo de tela a todos, para que todas ideias sejam colocadas a mesa, deixando o espectador decidir.
O longa que parece demais no começo, se encontra quando os quatro estão em cena e vamos conhecendo a todos. E o uso dos cenários e fotografia sabem nos imergir na trama, ser vizinhos de porta, deu atalhos interessantes ao roteiro.
E a intensidade de tramas e narrativas não se perde ou fica vaga, no avanço da história, há o cuidado de sempre adicionar sempre um novo tema ou situação para o casal, com isso o longa passa rápido.
A Porta Ao Lado usa o olhar feminino da diretora, para o que importa, e também busca sempre a leveza de como se conta essa história. E deixar os sentimentos dos personagens falarem mais alto.
A história vai dividir, pois você pode concordar com as escolhas deles ou não, mas a narrativa principal não te deixa esquecer da outra realidade, que pode estar na porta do seu lado.
Nota: 4/5
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2 comentários em “A Porta ao Lado | Crítica”