Mesmo te divertindo e com ótimas piadas, Fervo tem bons temas e sabe separar os momentos sérios dos engraçados. Confira a crítica completa.

Em Fervo, três fantasmas irreverentes ficam presos em uma casa e assombram os novos moradores na tentativa de finalizarem sua missão na Terra. Quando um casal de arquitetos (interpretados por Felipe Abib e Georgianna Goes) se muda para o casarão e decide fazer uma reforma, descobrem que o local havia sido uma casa de festas chamada “Fervo” e passam por uma série de mal-entendidos.
Em uma atmosfera de Os Fantasmas Se Divertem (1988), o longa dirigido por Felipe Joffily (Nas Ondas da Fé) parece inofensivo, uma simples diversão com piadas acertadas, brincando com o fato de apenas um do casal poder vê-los, mas quando os atos passam, há como perceber que o filme buscará outros pontos.
Para isso ele se utiliza do bom elenco secundário, como Paulo Vieira, para melhorar o ritmo e aos poucos colocar temas que são raros em comédia, não que não são usados, aqui eles são tratados com seriedade e com a sua devida importância.
O núcleo de fantasmas composto por Renata Gaspar, Rita Von Hunty e Gabriel Godoy são ótimos, primeiro pela química em tela, e por terem uma diversidade de opiniões e características. Além de um timing centrado e interações intensas, o roteiro trabalha elementos para todos, principalmente seu passado.
E quando os vivos e os mortos temos as cenas de comédia, que são hilárias, que não só incorporam as diferentes pessoas, mas como o tempo eles saem de alívios cômicos, para narrativas densas, e olha que estamos falando de morte em uma comédia.
O leve terror é ótimo pelo cenário criado pela casa e por não conhecermos bem os fantasmas, porém toda essa atmosfera é ‘quebrada’ por cenas divertidas e inspiradas momentos da história.
Até mesmo o local que precisa ser reformado, tem sua importância. Além de ser utilizado como um grande cenário, ele é mostrado como o relacionamento dos protagonistas, como se eles também necessitam das mudanças, conforme o prédio melhora, os dois também crescem, mesmo que seja nos detalhes.
Trabalhar elementos como a morte, com uma forma leve, é o principal desafio de Fervo, pois este gênero é sempre visto como irreverente. Aqui a proposta até mantém a estrutura, mas é claro que ele pretende ser abrangente, e principalmente de dar uma lição pós sessão.
O fechamento de ciclos, não fica restrito apenas aos fantasmas, isso também é aplicado aos vivos, com outras abordagens, claro, mas de uma forma que enche os olhos, de uma que faça sentido e baseada no real. Há como buscar identificação neles.
Mesmo nos fantasmas, há como encontrar sentimentos como amor, saudade e companheirismo, que muda, claro, a atmosfera do filme, porém a construção é leve e transparente, te emociona, mesmo que em pequenas cenas.
Fervo é uma surpresa, nada do que foi mostrado antes, mostrou corretamente suas intenções.
Nota: 4/5
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Um comentário em “Fervo | Crítica”