Kompromat – O Dossiê Russo mostra que a perseguição política vai além de elementos reais e que pode ser injusta, principalmente quando somos contra a um regime. Confira a crítica completa.

A espetacular fuga de um diretor da Aliança Francesa da Sibéria. Vítima de uma trama orquestrada pelo FSB (Serviço Federal de Segurança da Rússia), esse intelectual terá que se transformar em homem de ação para escapar de seu destino.
Em um mundo tão polarizado e com guerras ocorrendo em diversos continentes por diversos motivos, o longa dirigido por Jérôme Salle (A Odisséia de Jacques) mostra a dura realidade de um homem comum que apenas era contra um regime, mas o que chama atenção neste filme, é justamente como ele faz isso timidamente, e mesmo assim ele chama a atenção do governo.
O roteiro feito pelo próprio diretor, utiliza duas linhas temporais para trazer sua narrativa, focando no passado e presente do protagonista, para criar empatia com o espectador e principalmente trazer sua inimizade com o governo aos poucos.
Temos aqui um grande suspense amarrado a cenas de ação, que sabem manter a tensão em diversos momentos, e manter o espectador na narrativa principal, já que a trama foca em no protagonista e muito pouco em seu redor.

E mesmo com este enfoque, é o suficiente para criarmos uma pequena relação com o protagonista, afinal, ele não faz parte de um grupo reacionário que queria derrubar o governo, ele tem um trabalho comum, com uma jornada de cidadão. Ao contrário de filmes deste tipo que temos um rebelde, ou alguém contra o sistema, temos um novo ponto de vista.
O roteiro inclusive usa os personagens secundários para ajudar na construção da jornada, e também do ambiente ao redor. Isso torna interessante a trama, já que temos uma narrativa ao protagonista. Sabemos o mesmo que ele sabe, pouco entendemos o que está ao seu redor. Apenas isso, mantém o filme nos trilhos.
Mesmo com ele tentando fugir dos entraves jurídicos do que ocorre, não há como dizer que o longa não foge da realidade para mostrar a verdade. E ele estrear com tantos problemas políticos é algo inusitado, mesmo que ele não cite muitas vezes o país que ele é perseguido.

A mistura de ação e suspense é certeira, já que temos diversas oscilações entre os dois por todo o filme. O roteiro entende esse balanceamento como algo primordial para essa trama, e mal percebemos essa troca de gêneros.
Isso também se dá pela grande atuação de Gilles Lellouche (Um Banho de Vida) que transborda de emoções pelos diversos momentos que a trama passa, e sempre traz conceitos de realidade em sua interpretação, de uma forma consistente e sem se perder para elementos caricatos e exagerados. Mesmo sendo contido em diversos atos, é difícil não perceber a emoção que ele passa em tela.
Mesmo com uma história lenta e contemplativa para justamente mostrar o que ocorre ao entorno do protagonista. Kompromat – O Dossiê Russo sabe contar a trama pesada e densa que possui, mesmo exagerando em determinados momentos.
Nota: 3/5
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