A Ilha de Bergman mostra que o amor pelo cinema transcende e nos acompanha em diversos momentos.

Mia Hansen-Løve começou como atriz nos cinemas e fez a transição para direção em longas como Tudo Perdoado (2007) e O Pai dos Meus Filhos (2009). E como qualquer cineasta que quer mostrar suas referências, temos em A Ilha de Bergman uma tentativa de falar de cinema, principalmente de como o amor pelo cinema nos acompanha.
O longa abraça a metalinguagem, pois temos um casal de cineastas, Tony (Tim Roth) e Chris (Vicky Krieps), fãs de Ingmar Bergman, viajam para a ilha de Faro para conhecer os locais onde o sueco morou e morreu. A viagem também serve para eles escreverem seus novos roteiros. Tony consegue com facilidade e Chris acaba tendo um bloqueio criativo.
A narrativa mostra como o cinema preenche a vida dos dois, de como falar de histórias, filmes e ideias faz parte da vida do casal. E como eles estão bem dessa forma, de como eles são aquele casal que se entende e se complementa do seu jeito. Então não vá esperando momentos românticos entre os dois, aqui há espaço para cumplicidade e cuidados diários.

Por justamente não se apoiar em arcos dramáticos e possíveis discussões no casal, acabamos embarcando na trama, que une tanto as explicações do cineasta sueco e como o local se tornou um oásis para quem gosta dos trabalho de Bergman, e para conhecermos o trabalho e rotina do casal cineasta.
Tanto Roth e Krieps estão contidos em suas atuações, no sentido de trabalharem mais informações pontuais e rotina de casal. Eles mostram realidade e camadas em seus diálogos, e na cumplicidade entre eles. Há momentos para respeitar o espaço de cada um, e como eles se entendem bem dessa forma.
E como é perceptível de como o roteiro mostra o amor pelo cinema transborda, de como ele é transmitido de uma forma orgânica e até mesmo involuntária. O processo deles falando sobre seus próprios filmes, mostra como ‘pegamos’ essas influências e inserimos na nossa rotina, sem percebermos.

E claro que teríamos um “filme dentro do filme” em algum momento, e como isso ocorre de uma forma orgânica e sem pressa. Temos duas tramas que começam separadas e vão aos poucos se completando. Há claro alguns cortes destes momentos para não mostrar quanto tempo passou, mas a montagem é fluída para unir o que vemos.
E não imagine que o longa endeusa Bergman e seus filmes, o roteiro é inteligente de mostrar como homens e mulheres possuem diferenças. O próprio casal protagonista é assim, Tony desenvolve bem o seu trabalho e sua rotina. Chris tem que lidar com o trabalho, pensar na filha e nos afazeres que não envolvem escrever seu próximo filme. O longa inclusive, discute em um dos diálogos se Bergman com 5 casamentos e 9 filhos teria o mesmo desempenho, se tivesse de cuidar de uma casa junto com os seus filmes. Mesmo com uma reflexão rasa, temos alguns pontos interessantes aqui.
A influência de Bergman que parecia um ponto forte, afinal seu nome está no título, acaba sendo uma forma de mostrar como o cinema influencia as gerações. O cinema atual é diferente do feito por Bergman, mas ele não seria dessa forma se o diretor sueco não fosse conhecido até hoje.
A Ilha de Bergman fala de cinema de uma forma que não estamos acostumados, mas consegue trazer uma boa história, mesmo para os que pouco conhecem a história de Bergman, e os que gostam de falar sobre cinema, vão se identificar.
Nota 3/5
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