Em uma minissérie poderosa, cheia de nuances e com uma atuação arrebatadora de Karine Teles, ‘Os Últimos Dias de Gilda’ a série brasileira foi selecionada para o Festival de Berlim, um dos mais importantes festivais de cinema e TV do mundo. Confira o review da série que está disponível no Canal Brasil e Globoplay.

A minissérie Os Últimos Dias de Gilda é baseada num monólogo teatral concebido por Rodrigo de Roure. A adaptação para a série é assinado por Gustavo Pizzi (Diretor do programa) e Karine Teles (protagonista que havia vivido Gilda no teatro e é coprodutora). A trama dos quatro episódios de cerca de 25 minutos cada é ambientada numa vila do Rio de Janeiro.
Gilda (Karine Teles) é uma mulher suburbana cuja independência incomoda a vizinhança, principalmente a religiosa e carola Cacilda (Julia Stockler), esposa de Ismael, candidato a vereador por um partido ligado estreitamente a um grupo religioso.
A liberdade de Gilda pela vida e seus amores é amplamente explorada na série, onde percebemos diversos motivos que levam as discordâncias dos outros personagens a sua personalidade. Estes diversos relacionamento e conflitos são amplamente explorados, mesmo com poucos episódios e minutagem reduzida.

A série demora a crescer, não devido a lentidão de narrativa e movimentações, mas por precisar deixar claro algumas posições nos primeiros episódios e conseguir ao longo do tempo criar uma atmosfera explosiva e grandiosa, tudo isso aliado a uma atuação poderosa de Karine Teles, que fica mais evidente pela trama que cresce a cada novo episódio.
A trama traz um ambiente já retratado em muitas produções, como uma população que têm sua segurança ‘garantida’ por milicianos e uma população que se diz religiosa, mas não tolera diferenças ao seu redor. A história em sua base, não tem nada de novo, mas Gustavo (Que dirige e escreve os episódios) usa este elemento comum, mas foca nos personagens e suas ações.
O crescimento da trama é inegável, enquanto os primeiros episódios tratam de apresentação, os últimos aprofundam e trazem os conflitos de uma forma crível. Aliados a isso temos uma trilha bem escolhida que traz pensamentos pertinentes a cena ou ao que ocorre no episódio.
Essa liberdade mostrada por Gilda é que move a minissérie, por mostrar que o fato dela relacionar de uma forma fora do comum, não é um motivo para intolerância, a linha é tênue aqui, mas o roteiro soube trabalhar temas difíceis na história, com as explicações necessárias.
A fotografia passa despercebida nas cenas, já que a maioria dos acontecimentos ocorrem em dias claros, mas nas cenas contemplativas da série onde vemos Gilda cozinhando em uma sala ou falando sobre uma receita, o uso é mais técnico. Como a montagem final dos episódios que misturas as cenas da série, Gilda cozinhando e frases em fundos vermelhos, mesmo com uma história linear bem contada, a forma com que são balanceados estes diversos elementos técnicos é diferente do que estamos acostumados.

Mesmos nos arcos dramáticos espalhados pelos episódios, os personagens transbordam naturalidade e realidade, não há exageros e muitos menos atuações carregadas de gestos e corpo, esse ‘ar’ contido faz diferença em ‘Os Últimos Dias de Gilda’
A minissérie mesmo com uma atmosfera brasileira, traz uma história densa e bem construída, com atuações que respeitam a história de seus personagens. E com poucos episódios somos envolvidos pela história de Gilda e torcemos para que ela continue quebrando paradigmas.
A minissérie está disponível no canal Brasil e no Globoplay
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