Em um filme que trabalha bem conceitos difíceis como racismo estrutural e como ele está presente na sociedade. ‘M8 – Quando a Morte Socorre a Vida’ estreia nos cinemas. Confira a crítica
M8 conta a história de Maurício (Juan Paiva), jovem negro que ingressa como aluno cotista da Universidade Federal de Medicina. Ao chegar na instituição, é confrontado com uma dura realidade: o corpo que servirá para estudo na aula de anatomia – quase sempre de indigentes – é também negro. Impactado com a experiência, Maurício se vê envolvido com M-8, como o jovem morto é chamado, e inicia uma saga para desvendar sua identidade, enfrentando as próprias angústias e repensando o próprio lugar na sociedade.
O diretor Jeferson De (do premiado “Bróder”) têm um filme difícil em mãos, pois trabalhar temas difíceis sem soar destoado, ou optar por saídas fáceis é um grande desafio. Ainda mais em um filme que é lançado próximo do Dia da Consciência Negra e com boa parte do elenco negro. E ele sai vitorioso da batalha, pois temos um ‘M8’ uma forma quase que didática de como abordar o racismo estrutural e mostrar como ele está inserido na sociedade que vivemos, a partir de pequenas cenas que o diretor coloca ao longa da narrativa.
O elenco sabe de sua responsabilidade em carregar um filme como este, e todos, sem exceção, estão perfeitos e bem inseridos nos personagens que representam, Juan faz um rapaz cotista na escola de medicina que percebe o racismo em pequenas atitudes dos colegas, sua mãe Cida (Mariana Nunes) traz toda uma bagagem do que ser negra, mãe solteira e provedora do lar pode acarretar e M8 (Raphael Logam), mesmo sem uma fala, traz toda uma forma de representar os negros à margem da sociedade.
‘M8’ tem um fórmula para envolver o espectador em sua narrativa e vamos percebendo de como temos o preconceito enraizado na sociedade, seja em pequenas cenas, em diálogos grandiosos entre mãe e filho, ou de simplesmente mostrar de como o racismo estrutural é uma realidade, por exemplo, todos os professores de medicina são brancos, e os funcionários do laboratório e corpos usados pelos estudantes são negros.
Os detalhes presentes pelo filme de Jeferson, também passam pela religião de raiz africana, aproveitando essa religião para mostrar a ligação entre M8 e o protagonista, claro que pode dar algo de sobrenatural para a história, mas o roteiro soube trazer este elemento como uma forma de ligar os pontos entre os dois e ainda trazer alguns simbolismo para a história.

Fazer um filme sobre este assunto, é uma tarefa ingrata, já que um erro pode ser o suficiente para não lembramos deste longa por este motivo, mas isso não ocorre em ‘M8’, temos uma narrativa concisa, densa e dura quando necessário. Com arcos dramáticos bem colocados e diálogos afiados, ‘M8’ é um dos melhores filmes deste ano. Ainda mais neste ano onde ‘Vidas Pretas Importam’ ganhou força e notoriedade.
‘M8 – Quando a Morte Socorre a Vida’ traz um tema difícil para telonas, fazendo com que precise conhecer esta história. E fique de olho no redor, há algumas participações especiais espalhadas pelo filme.
Nota: 5/5
Contato: naoparecemaseserio@gmail.com
Facebook: facebook.com/naoparecemaseseiro
Instagram: @npmes
Um comentário em “| M8 – Quando a Morte Socorre a Vida | Crítica”