Em um filme intenso sobre amizades e encontros com o passado. 45 do Segundo Tempo é um retrato sobre a vida.

Neste filme, Pedro Baresi (Tony Ramos) é um palmeirense roxo e dono da tradicional cantina italiana Baresi que reencontra, depois de 40 anos, seus amigos de colégio Ivan (Cássio Gabus Mendes) e Mariano (Ary França) para recriar uma foto tirada na inauguração do metrô de São Paulo, em 1974. Pedro ama futebol, ama a culinária italiana e ama sua vira-lata Calabresa, mas as dificuldades financeiras e a falta de esperança o fazem refletir sobre sua própria existência.
Sabe aquela máxima que ouvimos que quando estivermos adultos, a vida estará organizada e certa? E que o ‘final feliz’ finalmente chega? Então, não é bem assim. O longa dirigido por Luiz Villaça usa o grande elenco para contar uma história de se encontrar e usar a nostalgia dos personagens para falar de vida e encontros.
O grande acerto já começa não só pelo trio de protagonistas feito por atores conhecidos por diversos trabalhos, como por trazer cada um deles com personalidades distintas e principalmente passando por momentos de vida diferentes.
Há um protagonismo em Tony Ramos, mas o balanceamento de narrativas e tramas, envolvem de uma tal forma, que mal podemos perceber que possui mais tempo de tela. Ele é o ponto de encontro e depois vamos continuando com os três em cenas.

E os três possuem uma química em cena, que já vale o filme. As interações entre eles são certeiras, e como temos diálogos certeiros e buscando o realismo, acaba sendo uma viagem para o espectador também.
A transição de câmera entre os diálogos, mantém a estrutura do que ocorre em cena, e também temos planos mais longos quando eles conversam, são saídas muitas vezes simples, mas funcionam bem, principalmente por manter a estrutura.
É comum encontrar narrativas jovens que buscam se encontrar, de perceber seu caminho, mas é raro no cinema, de termos uma história mais velha, onde os personagens olham para o passado e pensam sobre o futuro. E por termos três tramas, cada um observa a própria história a seu modo.
Isso acaba sendo o grande destaque do filme, de balancear tudo o que ocorre, sem se perder e manter o ritmo, mesmo que ele siga alguns caminhos conhecidos como voltar à cidade natal e reencontrar o primeiro amor.

Por mais que o longa seja divertido e leve, ele sabe colocar pontos de drama, e assuntos fortes, sem precisar de grandes escapismos, ou momentos para tentar emocionar e voltar como se nada tivesse acontecido. Ele entende os temas agridoces e modifica a emoção, aos poucos, sem precisar de arcos dramáticos marcados.
O trio que inicialmente parece que se reuniu de uma forma aleatória, se une rapidamente, como velhos amigos, e isso demanda química entre os atores. E isso, eles fazem com uma facilidade ímpar. Basta juntar todos em uma mesa, que é suficiente para ser algo verdadeiro, com cumplicidade que apenas amigos de verdade possuem.
45 do Segundo Tempo é um achado, uma história que parece simples e até comum, se olharmos o trailer, mas é ótimo perceber uma história adulta que sabe trabalhar o que propõe, sem precisar de momentos específicos, com até uma liberdade de conteúdos nas tramas apresentadas. E ver isso, com grandes atores é sempre ótimo.
Nota: 4/5
Contato: naoparecemaseserio@gmail.com
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