Elvis tem as atuações estonteantes de Austin Butler e Tom Hanks, mas apenas aborda a ascensão do rei do rock e a relação dele com o seu empresário, que diz não ser o vilão da história. Confira a crítica completa

O cinema costuma ter a época de um tipo de filme ser produzido, no momento assistimos às cinebiografias sendo apresentadas uma atrás da outra. Já tivemos Bohemian Rhapsody (2018) da banda Queen e Freddie Mercury, Rocketman (2019) sobre a vida de Elton John e Stardust (2020) trazendo uma parte da vida de David Bowie para as telonas. E um nome como Elvis seria adaptado em algum momento. Após ser exibido em Cannes, onde o filme foi aplaudido por 12 minutos, chega aos cinemas brasileiros.
O filme é dirigido por Baz Luhrmann (O Grande Gatsby), e mesmo sendo um tipo de longa diferente do que costumamos ver do cineasta, ele mantém sua marca quanto a cores e fotografia, o que acaba chamando a atenção é roteiro, que retrata apenas a ascensão do rei do rock e a sua relação com o empresário. Tudo que estaria em volta disso, está reduzido a papéis secundários ou não é explorado, com a segregação racial.
Isso acaba chamando ainda mais atenção para a atuação de Austin Butler (Elvis) e Tom Hanks (Tom Parker), que são personalidades diferentes que funcionam bem juntos. Há uma química inegável entre os dois, e como ambos querem resultados diferentes, o longa acompanha sempre a dupla.
Austin tem o desafio da carreira em Elvis, o cantor é cultuado, tendo diversos covers e fãs afoitos. Ele tinha que ser preciso. E foi. O espectador encontrará no ator todos os trejeitos, a forma de falar e cantar. E principalmente a grande presença de palco que ele tinha, ele pode ser lembrado na temporada de premiações por sua atuação aqui, uma pena que o roteiro não trouxe partes mais dramáticas e momentos diferentes da vida do biografado, é um longa que tem muita alegria e pouca tristeza.
E mesmo com uma grande atuação, Hanks faz o empresário de Elvis e também se destaca. E aqui ele tem tudo o que a Academia e outras premiações adoram, uma maquiagem perfeita, uma transformação corporal e vocal e por mais variações na trama do que o próprio cantor, ele também pode receber uma indicação.
E essa ar de perfeição ou de alcançar o estrelato do rock preenche muito tempo da narrativa, os pontos de drama são poucos, algo como vemos em Bohemian Rhapsody, nos atos há apenas um pequeno vislumbre disso. O filme tem um ar de perfeição que incomoda em alguns momentos.
A fotografia e forma de filmar de Luhrmann é presente aqui, há muito colorido e forma de encantar, seja pela montagem que une as apresentações de Elvis, ou a câmera próxima a Elvis para mostrar sua intensidade e movimentos no palco. O uso das músicas com grandiosidade e principais hits é certeira.
Não há muita amplitude das canções que são usadas, o roteiro se apoia em duas características, o hit do cantor e quando ela é utilizada, se ela foi marcante para algum momento da sua carreira, se você espera ouvir muitas músicas de Elvis neste filme, assista a uma apresentação e não a este filme.
O resultado final, mesmo com as escolhas, é ótimo. Traz o rei do rock em uma adaptação digna, aliado a boas interpretações. E mesmo que o coronel não diga com todas as letras, ele é o vilão dessa história.
Nota: 4/5
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