A cantora, compositora e poeta Iara Rennó estreia seu primeiro filme, “Transflorestar – ato l”, na 19a Festa Literária Internacional de Paraty, realizada entre 27/11 e 05/12.
A cantora, compositora e poeta Iara Rennó estreia seu primeiro filme, “Transflorestar – ato l”, na 19a Festa Literária Internacional de Paraty, realizada entre 27/11 e 05/12. A primeira parte da obra híbrida, que reúne elementos de show, performance e videoarte, será exibida no dia 04 de dezembro, às 16h, no programa principal da Flip. Com direção, roteiro e atuação de Iara Rennó, montagem e videoarte de Mary Gatis, direção de arte de Alma Negrot e participações de Curumin e Ed Trombone, o filme apresenta músicas inéditas, amalgamadas com poesia falada e falas documentais.
No filme de 30 minutos, Iara revê o mundo através da floresta enquanto promove diálogos entre música, poesia, artes visuais e corpo, sob a temática da construção de um novo paradigma cosmogônico. Uma subversão do antro-falo-eurocentrismo e da suposta supremacia do pensamento cartesiano sobre o sentir. Com a floresta como via, “Transflorestar” busca tecnologias ancestrais no reino vegetal e nas forças míticas, pela saúde do indivíduo-mundo como um organismo único.
Nhe’éry (pronuncia-se nheeri), tema da Flip deste ano, é como o povo Guarani chama a Mata Atlântica, uma denominação que revela a pluriversalidade da floresta. Como explica o cineasta e liderança do povo Guarani Mbya, Carlos Papá, Nhe’éry quer dizer “onde as almas se banham”. Além disso, Nhe’éry também conduz mensagens através de fios de palavras, que enlaçam a literatura, essencial para se pensar o mundo e as relações entre humanos e não humanos. “Transflorestar” é a manifestação da natureza na profusão de sons, imagens, palavras-adubo e alimento. Um lugar no qual as almas possam banhar-se e o espírito possa expandir-se para o todo. É ser floresta e florescer.
Na narrativa, músicas e textos reverberam esse conceito, seja saudando as forças imemoriais dos Orixás das matas, seja nas parcerias com Thalma de Freitas, Ava Rocha, Jaider Esbell, Tetê Espíndola e Alzira E. O enredo encontra inspiração nos relatos de Davi Kopenawa, em “A Queda do Céu”; nas falas de Ailton Krenak; em composições sobre fragmentos de textos de Eduardo Viveiros de Castro e nos ecos de Makunaimã no “Macunaíma”, de Mário de Andrade. O filme incorpora também a possibilidade de um “(M)otherworld”, legado da filósofa burquinabesa Sobonfu Somé, e a perspectiva decolonial linguística proposta por Lélia Gonzalez em “Améfrica”. Tudo num universo mítico e onírico habitado por Xapiri e Orisá, no qual as raízes da Yãkõana e do Iroko encontram-se sob o Oceano Atlântico.
Serviço
“Transflorestar – ato l”, filme de Iara Rennó, estreia na FLIP 2021
Dia 04 de dezembro (sábado), às 16h