Em um longa que aborda realizações pessoais com um ritmo linear. Lamento mostra que nossas escolhas influenciam nosso futuro. Confira a crítica completa.
Lamento acompanha Elder (Marco Ricca), um homem de família rica que herdou de seu pai um hotel de luxo. Mas devido a uma vida de excessos e vícios, ele acaba levando o negócio da família à falência. Beirando os cinquenta anos, Elder enfrenta uma grave crise emocional devido aos seus problemas financeiros e isso se reflete em seu casamento, cada dia mais frágil. Enfrentando as consequências de uma vida desordenada, ele vive o período mais difícil de sua vida, atingindo seu limite emocional e sem perspectiva de como continuar.
Marco Ricca traz muito amargor ao seu personagem, já que ele não possui suas próprias realizações e vê no hotel herdado do pai para conseguir ser alguém na vida, porém conforme assistimos o longa de Diego Lopes e Claudio Bitencourt percebemos que o passado do protagonista é pesado e influenciará a história.
Para explorar o passado do personagem, o longa possui um ritmo lento e contemplativo para entendermos o presente e passado de Elder. E para verificarmos como ele chega para a gerência do hotel, alguns momentos momentos chegam a ser melancólicos por abordar a relação dele com os outros.
O roteiro escrito por Diego Lopes explora bem as relações entre os personagens e suas escolhas, mostrando que todos ali tem uma história e um pano de fundo, e que possuem uma relação entre eles que exista há alguns anos. Essa forma de colocar os personagens e os secundários traz uma bagagem emocional diferenciada.
A personalidade de Elder está formada na narrativa linear de Lamento, não precisamos de informações anteriores para isso, já que os diálogos e suas relações deixam isso claro. A forma como ele lida com os funcionários e esposa moldaram sua personalidade. E a tentativa de salvar o hotel se torna seu bote salva-vidas.
Os eventos que são desencadeados no hotel são duros ao ver, mas condizem com os problemas do protagonista em lidar com álcool e drogas. Mesmo com uma pequena representação de seu passado, Elder se mantém firme aos seus anseios e na tentativa de salvar o hotel.
Essa busca excessiva pela história do protagonista, aborda problemas psicológicos e os abusos, Marco Ricca consegue mostrar todo este peso na sua atuação e é perceptível como ele se mostra diferente quando o seu personagem usa estes elementos como um vávula de escape para seus problemas pessoais e do hotel.
A narrativa de Lamento se passa de uma forma linear, mas aproveita para usar estes eventos para mostrar como poderiam ser estes abusos de Elder usando outros personagens e facilitando algumas confusões, se realmente estamos vendo algo real ou alguma alucinação. A própria personagem de Thaila Ayala (Que está ótima no papel) é o resultado de todos estes momentos.
O longa perde essa abordagem mais contemplativa nos momentos finais para dar o desfecho correto aos personagens, e também para mostrar o ‘efeito bola de neve’ que se torna a vida do protagonista. Como ao tentar resolver tudo ele acaba se perdendo, e buscar respostas da forma com ele procurar também são conjuntos de escolhas erradas.
Lamento ter uma abordagem interessante de mostrar o passado do protagonista, sem romantizar ou ficcionar demais os seus problemas e abusos. E mudar sua forma de narrativa nos atos finais também é um boa escolha, ainda mais quando ele não perde o foco nos personagens para dar mais ação a história.
Nota: 3/5
Contato: naoparecemaseserio@gmail.com
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