A partir do terror, Continente fala da luta de classes e posições de poder, combinado a bons personagens.

O filme começa mostrando uma relação familiar estremecida ou fria, Amanda (Olívia Torres) que volta à fazenda onde cresceu para reencontrar seu pai, que entrou em estado de coma, sem esperanças de retorno à consciência. Nessa viagem ela é acompanhada pelo namorado francês (Corentin Fila), os terão que lidar com os problemas da fazenda, principalmente com os funcionários que cobram um acordo coletivo e a única médica (Ana Flavia Cavalcanti) do lugar se torna um símbolo neste processo.
A temática do terror fica segregado a momentos específicos da trama, pois o roteiro do diretor Davi Pretto, ao lado de Igor Verde e Paola Wink tem a preocupação de colocar os locais de poder, como uma relação entre patrão (ou patroa, se preferir) com os empregados, deixando claro as posições de cada um, e depois os confrontos que isso pode gerar, como um possível revolta de ambos.
Depois de colocar as peças, é que entendemos os motivos desse filme está na categoria terror, os habitantes do local tem comportamentos ligados ao consumo de sangue e são controlados pela médica da região, e como a situação entre eles está tênue, algo irá acontecer.
A troca de elementos é marcada pelos atos, onde a história é totalmente alterada para dar vazão em relações que ainda não foram apresentadas no início, mas há alguns pontos aqui, com exceção de alguns personagens, no caso os que possuem mais tempo de tela, os que ficam fora não conseguem gerar empatia necessária em momentos chave da trama principal.
Há uma necessidade de se contar muitas histórias aqui, de trazer pontos a partir de algo principal, porém as duas horas de filme, acaba se perdendo e deixando pontas pelo caminho, o que não prejudica o geral, mas fica aquele sentimento de faltar algo.

A fotografia é positiva quando pensamos que Continente é um filme dividido em dois, ela se adapta ao que vemos, principalmente na captação de luz nas tomadas diurna e noturnas, além de centralizar os personagens nos momentos mais sanguinolentos, digamos assim.
Os conflitos, mesmo com a forma sobrenatural, estão ali presente, com trocas apenas de importância, ao menos, o roteiro não faz que a essência do filme se perca quando o sangue aparece e fica presente.
O grafismo das sedes de sangue são ótimos, com escolhas interessantes para demonstrar a relação dos trabalhadores rurais, com a vontade de se abastecer ou se alimentar em alguns momentos. Tudo à base de clímax, focado muitas vezes nos principais personagens.
Continente busca referências nos longas de terror atuais, que se preocupam em um boa história do que assustar o espectador, muitas vezes isso ocorre aqui, outras vezes ele se encontra em outro lugar, porém tem algo a agregar ao gênero.
Nota: 3/5
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Eu tô com duas dúvidas latentes acerca do filme e ((sei lá, pode conter spoiler)) 1) há explicação de que a linhagem do senhor lá e da filha tem um sangue diferente? Porque eu pensei o filme inteiro “uma roda resolveria”. 2) no final, a interpretação é de que teve um mata mata ou que a médica começou a fazer o acordo? Tô ✨inquieta✨
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Pra mim a médica começou o acordo, e também senti falta de uma explicação da linhagem da menina e do pai
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