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Ithaka: A Luta de Assange | Crítica

Ithaka: A Luta de Assange traz a importância dos debates sobre democracia, liberdade de imprensa e a gestão ética e regulamentação das novas mídias. Confira a crítica completa.

Ithaka: A Luta de Assange escancara a tirania dos governos mundiais e as injustiças cometidas contra aqueles que trazem a verdade à tona, ao mostrar o caso de Julian Assange, criador da WikiLeaks, que após publicar cerca de 250 mil arquivos revelando crimes de guerra dos Estados Unidos, foi acusado de espionagem e, desde 2010, luta para reconquistar a liberdade. 

Após as acusações, o jornalista australiano evitou extradição para a Suécia ao receber asilo político do Equador, sendo vigiado na embaixada do país durante sete anos, porém, foi preso em 2019 pela Polícia Metropolitana de Londres, onde está até hoje (2023), lutando contra extradição para os Estados Unidos, o que poderia levá-lo a uma condenação de até 175 anos de prisão.

Dirigido por Ben Lawrence, o documentário acompanha o dia a dia de John Shipton, pai de Julian Assange, na busca por justiça. Em meio às tentativas de libertar o filho da prisão, Shipton tem a agenda voltada para audiências jurídicas, reuniões com advogados, encontros com personalidades, líderes, governantes e apoiadores, sempre acompanhado de Stella Assange, advogada e esposa do filho. 

Ithaka: A Luta de Assange mostra alguns momentos do asilo de Assange no Equador e acerta em focar na luta da família contra a extradição do jornalista para os Estados Unidos a partir de 2019, expondo as dificuldades resultantes da pandemia nos anos seguintes. Além disso, ao mostrar cenas de Julian, mesmo preso, tentando participar da rotina familiar da esposa e dos dois filhos pequenos por chamadas telefônicas, o documentário se conecta com o público, sensibilizando-o em relação ao caso. 

Por outro lado, embora a narrativa traga a figura de John Shipton como a mais importante na luta pela liberdade de Julian, Bem Lawrence erra em não aprofundar a relação dos dois e ainda trazer cenas de Shipton irritado, com perguntas sobre a difícil relação dele com o filho no passado.

Outro ponto do documentário é a falta de diversidade nas entrevistas. Ao focar na família de Assange, são poucos os comentários de especialistas políticos, advogados, jornalistas e apoiadores em geral. 

Além disso, a maneira como a narrativa é apresentada gera a necessidade de pesquisa mais aprofundada sobre o caso e pode ser de difícil entendimento para aqueles que nunca ouviram falar sobre Julian Assange ou sobre a WikiLeaks.

 Ithaka: A Luta de Assange é um documentário de 2021 que chega aos cinemas brasileiros em um momento de grande importância para os debates sobre democracia, liberdade de imprensa e a gestão ética e regulamentação das novas mídias.

Nota: 3,5/5

Um comentário em “Ithaka: A Luta de Assange | Crítica”

  1. Discordo em partes da crítica! Ao assistir o filme e o relato sensível e competente do pai, é completamente compreensível o diretor não querer explorar a relação pai-filho. Pelas próprias palavras do pai: “o que isso importa??”. Além disso, a profundidade do tema é suficiente para as pessoas que não ouviram falar sobre wikileaks procurarem saber a respeito!
    O filme é extremamente necessário em prol da democracia, liberdade de expressão e imprensa livre. Merece nota 5!!

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