Em um tom que mescla documentário, relatos próximos e cuidado ao próximo. Deus Tem AIDS fala do vírus preservando o lado humano. Confira a crítica completa.
De maneira franca, o documentário conversa com sete artistas e um médico ativista, todos soropositivos, resgatando a história desta pandemia no país como fala sobre o andamento dela nos dias de hoje, pois o HIV não está nem perto de ser erradicado. O longa também aborda a sorofobia, preconceito sofrido pelas pessoas que vivem com HIV.
O novo trabalho de Fábio Leal e Gustavo Vinagre traz um tema relevante aos telas, e principalmente sabe abordar diferentes pontos para trazer diversas informações ao espectador. E sempre tentando fugir de tom simplista, e algo mais ‘duro’.
Para fazer eles usam os depoimentos como fio condutor, e como trazer uma história diferente, mostrando a sua relação com HIV. O fato de termos pessoas ligadas à arte de alguma forma, temos franqueza e um diálogo sem amarras.
Por existir poucos pontos que amarram essas histórias, os diretores fazem a troca aos poucos entre elas, com uma montagem rápida, misturada aos relatos do HIV quando havia preconceito sobre os infectados.
O destaque é sobre mostrar que a doença não é um sentença de morte, e sim algo a ser discutido e abordado pela sociedade atual, e como temos um cuidado quase que didático em explicar possíveis pontos problema, o longa pode ser usado como um ferramenta de ensino, apenas deve-se tomar cuidado com as cenas de nudez.
Para quem conhece os trabalhos dos diretores, conhece as intervenções que ele realiza, e principalmente deixa o entrevistado transitar fora do plano pensado. Mesmo com um tema delicado, a sua forma de filmar é a mesma.
Os depoimentos que mais parecem conversas informais, mantém a trama principal dentro do escopo real, mesclando as emoções conforme os assuntos vão surgindo, de como cada um tem a sua relação com o vírus, o documentário flui bem, mesmo com alguns problemas de cortes secos em alguns momentos.
A gama de olhares para o mesmo ponto, carrega a riqueza de pontos de vistas e como cada soropositivo tem sua própria história. E como não temos um olhar de pena ou de penitência, o documentário traz vida e verdades, em cada um dos personagens.
A opinião médica poderia ter mais espaço, e ser um pouco mais abrangente, já que as histórias trouxeram a riqueza, o contraste entre os dois funcionou bem, não seria nenhum grande problema, mais tempo da medicina.
Ao fugir do básico, e focar no que as pessoas que têm o vírus contam, Deus Tem Aids aborda o tema, fugindo dos clichês do documentário, com o enfoque nas pessoas e principalmente, falando de vida.
Nota: 3,5/5
Contato: naoparecemaseserio@gmail.com
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