Animação, Streaming

| Soul | Crítica

‘Soul’ da Pixar consegue abordar conceitos como ‘propósito de vida’ e ‘legado’ em um filme doce, carregado de emoção e com profundidade, sem deixar de falar que a vida é boa, não importando como você a vive.

Joe Gardner (Jamie Foxx) é um professor de música de ensino fundamental desanimado por não conseguir alcançar seu sonho de tocar no lendário clube de jazz The Blue Note, em Nova York. Quando um acidente o transporta para fora do seu corpo, fazendo com que ele exista em outra realidade na forma de sua alma, ele se vê forçado a embarcar em uma aventura ao lado da alma 22 (Tina Fey) uma criança que ainda está aprendendo sobre si, para aprender o que é necessário para retomar sua vida.

O longa da Pixar que chegou ao Disney+, já que sua exibição nos cinemas foi considerada inviável pela pandemia do coronavírus. A animação já é histórica por ser a primeira com um protagonista negro, que tem a voz original de Jamie Foxx. O diretor Pete Docter, que imaginou como seria nossos sentimentos em Divertidamente (2015), agora tenta mostrar nossas almas pós morte e ainda falar de propósito de vida. E ele consegue.

Todo mundo já ouviu falar do próposito, seja na hora de escolher sua profissão, o curso que você fará ou lidando com a vida adulta. Fazer isso de uma forma didática em uma animação, é um desafio. E ‘Soul’ não só supera o problema, como consegue extrair sentimentos diferentes dos espectadores durante o filme.

Joe Gardner (Jamie Foxx) Crédito: Disney+

Além de trazer essa discussão ao analisar a vida ‘ruim’ de Joe, o roteiro do próprio diretor, Mike Jones e Kemp Powers usam o personagem ‘Alma 22’ para falar de algo comum no nosso dia a dia, a sensação de falta, a sensação de não servimos para nenhuma atividade, que não adicionamos nada. Que se ‘encontrar’ leva tempo e não há nada de errado nisso.

Por ser um professor de música e um excelente pianista, o longa possui muitos elementos musicais, focado no gênero preferido do protagonista, o Jazz. Até a escolha do gênero é certeira, já que os músicos são conhecidos pela capacidade de improvisar e de fazer grandes shows. A trilha sonora respeita essas duas características, com boas inserções durante a trama, fazendo de ‘Soul’ um filme musical também.

Alma 22 (Tina Fey) e Joe Gardner (Jamie Foxx) na sua forma de ‘alma’ – Crédito: Disney+

Pixar faz novamente um filme reflexivo, com uma história tocante, principalmente par aqueles que buscam um bom uso da sua vida, ou você sente que não faz o bom proveito da vida que viva. O estúdio é conhecido por fazer histórias com camadas, histórias onde crianças e adultos sintam elementos diferentes. Soul mantém essa forma, mas este é que lida melhor com um público jovem e adulto pelas diversas lições apresentadas.

Mesmo tratando de temas tão difíceis ou raros, o longa traz soluções muito simples para explicar, seja por fazer as almas sem gênero, afinal são almas, não pessoas. Realizar uma forma abstrata dos responsáveis pelos proposito de vida, sem dar um rosto ao que vemos. Além dos diálogos que trazem a mensagem de ‘viva sua vida, ela é um sopro’.

Responsáveis pelas ‘almas’ – Crédito: Disney+

A narrativa é brilhante, não apenas pelas escolhas gráficas, mas por trazer uma história que pode se encaixar com qualquer espectador. Há os que se identificarão imediatamente com Joe, os que perceberão sua vida retratada na Alma 22 e até nos que fazem aquela virada para mudar suas vidas.

‘Soul’ mostra novamente o poderio da Pixar no mundo da animação, seja no parte gráfica que melhora a cada novo filme ou nas histórias que afirmam que não há limites para a imaginação do estúdio.

Nota: 5/5

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