Confira a crítica de Os Miseráveis, indicado ao Oscar na categoria “Melhor Filme Estrangeiro’ e vencedor em Cannes em 2019
Antes de começarmos, esse texto não se trata de uma outra versão da obra de Victor Hugo para o cinema, o longa do malinês Ladj Ly usa apenas o título da obra como nome de seu primeiro filme, assistindo-o você entenderá os diversos motivos que levaram ele a esta escolha. Bom, agora que estamos esclarecidos, vamos ao filme que venceu (Ou Empatou, se preferir) na categoria ‘Prêmio do Júri’ em Cannes junto com Bacurau.
O diretor se baseia nos conceitos que ele colocou em seu curta, como se o longa fosse uma expansão do que já foi dito. Aqui temos uma obra que parece um documentário em alguns atos, mas temos muitas informações ficcionais ou dramatizadas sobre as manifestações do país.
O ritmo da história é intenso, que sufoca o espectador, mas dar um tom de urgência aos atos do recém-transferido policial Stéphane Ruiz (Damien Bonnard) que juntos os parceiros Chris (Alexis Manenti) e Gwada (Djibril Zonga) formam uma brigada anti-crime na periferia parisiense, este pequeno movimento dos ‘controladores da ordem’ é suficiente para Ladj trazer para a telona as tensões sociais entre o povo francês.
Cena de Os Miseráveis
Foto: Diamond Filmes
Essa diferença é a principal abordagem de ‘Os Miseráveis’ mostrar essas diferentes classes sociais em takes bem enquadrados e dando o espaço necessário para as boas atuações espalhadas pela história, mas como já dito o ritmo é rápido, como se estivéssemos observando um dia na vida do policial Stéphane.
Conforme o filme avança imaginamos que teremos algo comum pelo menos no cinema brasileiro, em mostrar o policial duro e truculento, contra o favelado que vivendo sua vida tranquilamente. Essa obviedade passa longe do roteiro do próprio diretor e Giordano Gederlini, Alexis Manenti (Que também atua no filme). Claro que há violência entre os polos, mas temos uma justificativa para cada uma delas e sem apelar para um possível gore.
Este ritmo acelerado acaba gerando um problema no todo, os pontos de virada da história ficam bem marcados, como estes fossem os pontos de respiro do espectador, ou esfriar a corrida, não atrapalham em nada a experiência, mas fica claro onde eles estão no longa conforme a narrativa transcorre.
Cena de Os Miseráveis
Foto: Diamond Filmes
Mesmo dramatizando algumas histórias, o longa sabe criticar a situação do povo francês, principalmente os com menos possibilidades financeiras, sem rodeios, atingindo o ponto fraco, usando apenas os personagens como contadores de história, dando aquela dúvida do que foi realmente dramatizado, afinal a realidade francesa está dentro de ‘Os Miseráveis’.
Nota: 4/5.
Saldo: Filme sério sobre um assunto sério.
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