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| Aos Olhos de Ernesto | Crítica

Confira a crítica ‘Aos Olhos de Ernesto’



O filme começa mostrando como Ernesto (Jorge Bolani) percebe o mundo, de uma forma borrada, campo de visão reduzida e sensibilidade à luz direta. O filme de Ana Luiza Azevedo (Doce de Mãe) começa dentro do esperado, mas quando começamos a entender os personagens, o filme muda e é uma grata surpresa.

A narrativa se passa dentro do apartamento de Ernesto, então a diretora sabe que tem que aproveitar ao máximo o imóvel, mas sempre lembrando ao espectador que o protagonista tem problemas de visão, então há muitos planos próximos, foco no conjunto e planos mais centrados. Os pontos de luz também são bem demarcados e bem fortes em áreas próximas a janela. E como essa mesma luz muda nas raras saídas do protagonista da casa.

As interações entre os personagens também são dignas de elogios, principalmente a relação de Ernesto e Bia (Gabriela Poester), que buscam um no outro afeto que vai se transformando ao longo dos atos, principalmente no choque de gerações que vemos na telona.

O longa tem troca de atos bem marcados, pois as cenas que realizam isso fogem do tom usado, elas são boas, mas destoam do restante. São como aqueles momentos na sua vida quando você acha que está tudo bem, mas uma drástica e pequena mudança transforma tudo, fazendo com que você vá aos poucos retornando ao ‘normal’ pós-evento.

Jorge Bolani, mostra muita versatilidade, pois há cenas dramáticas e hilárias espalhas no longa, Gabriela faz um bom contra ponto nessas cenas, com alguma brutalidade e ‘pés no chão’ e Júlio de Andrade que faz Ramiro, tem o menor tempo de tela, mas mesmo assim entrega um bom resultado cada vez que é exigido.

Aos Olhos de Ernesto consegue ser um filme com diversos significados para diversas idades, pois estes significados mudam dependendo da faixa etária, preocupações e como você reage os problemas do mundo. É raro ver um filme que consegue passar por tantos fatores e entregar variados resultados.

*Filme visto durante a 43º Mostra Internacional de São Paulo

Nota: 4/5

Saldo: Filme seríssimo

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