Entre o pessoal e o coletivo, um filme que encontra verdade no simples.

Dirigido por Leandro Wenceslau, Lar é um daqueles filmes que parecem nascer da própria experiência de quem o conduz. O diretor insere fragmentos de sua história pessoal na narrativa, criando um elo íntimo entre o olhar da câmera e a realidade das três famílias LGBTIAPN+ que acompanhamos. O resultado é um registro que soa verdadeiro, cotidiano, sem a pressa de explicar demais, como se o cinema apenas observasse o fluxo natural da vida.
O uso da câmera fixa reforça essa proposta: Wenceslau escolhe o enquadramento e confia nos personagens. Não há trilhas que conduzam emoção, nem grandes movimentos de direção, tempo conta a história. Tempo para que as conversas se revelem, para que as particularidades de cada família encontrem espaço. É um gesto bonito, de quem entende que o silêncio e a pausa também comunicam.
Mesmo com alguns cortes abruptos, que por vezes quebram a fluidez das cenas, o filme se mantém coeso na forma como expõe a diversidade sem didatismo. A força de Lar está na naturalidade, em como permite que as histórias simplesmente aconteçam diante de nós, sem molduras artificiais.

Ainda assim, há um limite: o longa acaba funcionando mais como um retrato íntimo do diretor e das famílias do que como uma obra que se expande para além desse contexto. A sensação é de acompanhar algo importante, mas contido, um filme que nos aproxima, mas não necessariamente nos transforma.
Lar é uma experiência sensível e honesta, que encontra beleza na simplicidade e verdade nos detalhes, mesmo que falte a ele um passo adiante para converter essa observação em impacto narrativo.
Nota: 3/5
Contato: naoparecemaseserio@gmail.com
Youtube: Canal do Youtube – Não Parece Mas É Sério
Facebook: facebook.com/naoparecemaseserio
Instagram: @naoparecemaseserio