Na trama, acompanhamos Cleo, uma astrônoma de 43 anos, grávida e emocionalmente fragilizada, surpreendida pela visita de Nalu, sua meia-irmã de origem indígena.
ECLIPSE, o novo longa-metragem de Djin Sganzerla, que assina a direção, o roteiro, a produção e interpreta a protagonista da obra, foi selecionado para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que acontecerá de 16 a 30 de outubro. O filme, produzido pela MERCÚRIO PRODUÇÕES e com distribuição da Pandora, é um thriller que reflete sobre a violência contra a mulher, ancestralidade, intuição e resistência.
Na trama, acompanhamos Cleo, uma astrônoma de 43 anos, grávida e emocionalmente fragilizada, surpreendida pela visita de Nalu, sua meia-irmã de origem indígena. O encontro revela segredos sombrios e desperta memórias fragmentadas em Cleo, levando as duas mulheres a investigações obscuras. Entre ciência e ancestralidade, razão e intuição, surge um elo inesperado que transforma as duas irmãs.
Símbolo central da narrativa, a onça atravessa o filme como força mítica e metáfora da sobrevivência e da dignidade feminina diante da violência. O olhar de Djin articula delicadeza e contundência para expor a cultura patriarcal sem recorrer à espetacularização da dor. Como define a filósofa Marcia Tiburi, este é “um filme que trabalha com desmistificações do sistema patriarcal de um modo muito sutil: a enganação do amor romântico, a farsa do marido e da família perfeita, a casa apresentada como um território perigoso no qual a maternidade pode ser uma armadilha, um ensaio visual sobre a sororidade, entrelaçando estética e política”, no qual a união entre mulheres surge como força vital para enfrentar estruturas opressoras.
A diretora explica que ECLIPSE nasceu da necessidade de dar forma a um sentimento de suspensão e atravessamento, motivada por seu interesse profundo pelo universo feminino: “O que move as mulheres, como elas sentem e compreendem o mundo, e como o mundo as enxerga. Quanto mais mergulho nesse universo, mais me apaixono. Este roteiro não poderia abordar outro tema senão o protagonismo feminino”.
Djin observa ainda que as duas irmãs que movem a narrativa são reflexos de forças complementares: “De um lado, a ancestralidade e a sabedoria que emergem das raízes indígenas, de mulheres que escutam e falam com seu inconsciente. Do outro, uma cientista, astrônoma, grávida, aparentemente bem-sucedida, mas emocionalmente frágil, distante de si mesma”.
A diretora também destaca como a obra dialoga com temas urgentes da sociedade contemporânea: “Infelizmente, ECLIPSE toca em assuntos assustadoramente atuais. Casos como o de Daniel Alves ou do francês Pelicot mostram mentes perversas que encontram prazer justamente no abuso e na ausência de consentimento. O filme fala sobre mulheres em cativeiros de amor, presas nas mãos de predadores disfarçados de afeto”.
Autora de MULHER OCEANO (2020), longa que recebeu 15 prêmios em festivais no Brasil e no exterior, e do curta ANTES DO AMANHÃ (2022), Djin Sganzerla é filha dos cineastas Rogério Sganzerla e Helena Ignez, e dá continuidade ao legado da família com um cinema simbólico e poético, no qual temas como liberdade, superação e intuição se encontram em narrativas profundamente humanas.
Com elenco que reúne Djin Sganzerla, Sergio Guizé, Lian Gaia, Selma Egrei, Helena Ignez, Luís Melo, Clarisse Abujamra, Gilda Nomacce e Pedro Goifman, ECLIPSE terá exibição na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que acontecerá de 16 a 30 de outubro.
