Cinema, Crítica de Filme

Velocidade Total | Crítica

Um filme de ação que aposta no exagero, mas hesita na comédia.

Velocidade Total é um filme de ação que não esconde sua natureza exagerada. Dirigido e estrelado por James Clayton, a obra se apoia em excessos para criar uma experiência que, de certo modo, combina com seu tom cômico. O texto é recheado de frases de efeito, a execução é repleta de falhas e, curiosamente, tudo isso dialoga bem com a atmosfera que o próprio filme se propõe a construir.

Os personagens seguem um molde já conhecido: há o ajudante misterioso, os policiais corruptos, os vilões e seus capangas. Nada aqui é novo, mas tudo é propositalmente caricato, reforçado ainda pelo figurino, que ajuda a dar forma e identidade a cada estereótipo. A narrativa se mantém linear e direta, sem se perder em desvios. É uma trama rasa, sim, mas funcional dentro do que o longa pretende entregar.

O trabalho de Clayton atrás e diante das câmeras mostra uma clara intenção de dialogar com os clichês do gênero, sem a pretensão de reinventá-los. Ele parece consciente de que está lidando com um “filme B” moderno, que prefere apostar na intensidade das cenas de ação e em frases de efeito do que em sofisticação narrativa. Isso dá ao filme um charme curioso: ao mesmo tempo que se percebe suas falhas técnicas, é nelas que está parte da graça.

Ainda assim, a sensação é de que faltou coragem para abraçar de vez a galhofa. O longa flerta com a comédia, mas nunca mergulha nela por completo. O humor surge mais pelo exagero da ação do que por piadas escancaradas, o que deixa um certo vazio: o longa poderia ter sido ainda mais divertido se tivesse se permitido rir de si mesmo sem reservas.

Outro ponto que chama atenção é como a simplicidade da história joga a favor e contra o filme. Por um lado, a linearidade e o ritmo direto impedem que a trama se arraste ou se perca em explicações desnecessárias. Por outro, a falta de surpresas ou de camadas adicionais torna a experiência previsível, como se estivéssemos apenas revendo uma colagem de referências a outros filmes de ação.

No fim, é uma obra que entende o peso do exagero, mas hesita em transformá-lo em paródia completa. Funciona como passatempo descompromissado, daqueles que se divertem justamente por não se levarem tão a sério, mas deixa a sensação de que poderia ter ido além.

Nota: 2/5

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