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Screamboat: Terror a Bordo | Crítica

Um rato assassino, um barco e litros de sangue: bem-vindo a bordo.

Em tempos de produções de terror que tentam se reinventar pela escala, Screamboat: Terror a Bordo vai pelo caminho oposto: um cenário único, um elenco reduzido e um assassino com presença marcante. O filme parte de uma premissa curiosa: utiliza a versão de Mickey Mouse do clássico curta Steamboat Willie, que entrou em domínio público, para criar uma releitura sangrenta e completamente distorcida.

Toda a trama se desenrola durante uma travessia de barco, transformando o ambiente limitado em um campo de caça para um rato assassino, interpretado pelo mesmo ator (David Howard Thornton) que dá vida ao palhaço Art the Clown, da franquia Terrifier. E aqui, ele prova que não é apenas a maquiagem que assusta, mas a habilidade de imprimir trejeitos, caricaturas e expressões inspiradas em personagens infantis para um vilão que, curiosamente, ganha até certa empatia do público.

Dirigido por Steven LaMorte, o mesmo responsável por transformar o Grinch em uma criatura de pesadelos no filme O Malvado – Horror no Natal, o longa abraça o estilo serial killer sem pudores. O sangue jorra em abundância, as mortes são criadas com alguma inventividade e algumas lembram diretamente o sadismo gráfico de Terrifier. A maquiagem do rato assassino é surpreendentemente eficaz, criando um visual ao mesmo tempo cartunesco e ameaçador. A fotografia escura ajuda a reforçar a atmosfera, simulando com competência um barco em crise técnica, com falhas de luz e corredores claustrofóbicos que amplificam a tensão.

Outro acerto é a maneira como o longa aproveita ao máximo seu único cenário. As limitações espaciais e vários locais que o barco naturalmente possuem, se tornam parte da narrativa, fazendo com que o espectador sinta o confinamento e a inevitabilidade do próximo ataque. A trilha sonora, pontual e sinistra, reforça a sensação de que não há para onde fugir.

No entanto, o filme não consegue aplicar o mesmo cuidado no desenvolvimento dos personagens secundários. Muitos deles passam sem deixar impacto, servindo apenas como carne fresca para a matança. Isso enfraquece o peso dramático de algumas mortes, que acabam funcionando mais como espetáculo visual do que como momentos de tensão emocional. Além disso, embora o gore seja um dos atrativos para fãs do gênero, algumas mortes exageram no sangue a ponto de beirar a autoparódia, o que pode afastar parte do público.

Narrativamente, Screamboat: Terror a Bordo é direto e linear: temos um rato assassino em um barco e ele segue eliminando vítimas, uma após a outra. Não há grandes reviravoltas ou subtramas para enriquecer o enredo, mas o carisma do vilão, a criatividade nos assassinatos e a atmosfera sufocante seguram a atenção até o fim.

Ao final, é um filme que entrega exatamente o que promete: um passeio sangrento no mar, com um vilão que consegue ser tão grotesco quanto peculiarmente carismático. Para fãs de terror extremo e slasher sangrento, é um prato cheio ou melhor, um barco cheio.

Disponível para aluguel e compra em plataformas digitais como Apple TV, Amazon Prime Video (Loja) e Google Play/YouTube Filmes.

Nota: 2/5

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