Entre códigos e traumas, um thriller digital com alma e sede de redenção.

A vingança é um prato que se serve frio… ou, no caso aqui, com precisão digital e uma boa dose de trauma não resolvido. Operação Vingança (Disponível no Disney+) não tenta esconder sua proposta: um thriller moderno, com estética quase hacker, que se ancora no peso da dor pessoal do protagonista e na ideia de que a justiça, quando falha, o homem machucado toma decisões questionáveis.
O grande mérito do filme é tratar essa vingança como mais do que simples represália. O protagonista que não tem preparo físico ou experiência de combate, busca treinamento e recorre ao que tem: habilidades digitais, inteligência emocional abalada e uma sede de justiça que pulsa mais forte que o medo. É interessante ver como o roteiro cria um personagem completamente comum, quase apático em cena, mas que carrega uma missão interna com força suficiente para levá-lo ao limite.
Os detalhes técnicos, explicações e estratégias cibernéticas são bem dosadas, com bons elementos gráficos que ajudam na visualização, sem deixar a narrativa engessada. Isso mantém o filme acessível, mas também alimenta o sentimento de que o protagonista está em um campo de guerra muito maior do que pode suportar. E, mesmo assim, ele segue. Porque não tem escolha.

O filme também acerta na forma como constrói a dor: o trauma não é apenas citado, ele é sentido. Está nas escolhas, nos olhares, nos silêncios. A vingança é, acima de tudo, um pedido de alívio, e é aí que o drama ganha profundidade.
Por outro lado, o filme sofre com o próprio ritmo. Em busca de manter o suspense acelerado, ele abre muitas subtramas que não fecha, deixando algumas decisões do protagonista mais rasas do que deveriam. Isso prejudica principalmente os momentos decisivos, que poderiam ter muito mais impacto se tivessem sido melhor preparados.
Ainda assim, Operação Vingança é eficiente no que propõe. É um filme que tem coração, mesmo que expressado por meio de cliques, invasões de sistema e atos silenciosos de revolta. Ele não reinventa o gênero, mas entrega uma narrativa pessoal camuflada num thriller digital e, no fim, isso já é um diferencial.
Nota: 3/5
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