Pela obra, a atriz se tornou a primeira mulher indigena a vencer o Troféu Candango de Melhor Atriz no Festival de Brasília. Filme foi restaurado em 4K e está em exibição nos cinemas.

Edna de Cássia, hoje com 65 anos, mora em Belém cercada pelo afeto da família e amigos. Foi ali mesmo, 50 anos atrás, que ela chamou a atenção de Jorge Bodanzky e Orlando Senna em um programa de auditório e foi convidada para protagonizar o clássico IRACEMA – UMA TRANSA AMAZÔNICA. Nunca tinha pisado num cinema e dispensou a proposta de cara; topou só depois de muita conversa, ainda sem imaginar que se tornaria o rosto de uma das denúncias mais contundentes contra a Transamazônica. O filme foi remasterizado e, após exibição na Berlinale, ganhou também as salas de cinema no Brasil (24/07), com distribuição da GULLANE+.
IRACEMA pôde ser exibido no Brasil apenas em 1980 e, neste ano, Edna levou o Troféu Candango de Melhor Atriz no Festival de Brasília, tornando-se a primeira mulher indígena a ganhar este prêmio.
A atriz revê hoje essa trajetória com leveza: “O filme não mudou muito a minha vida, mas mudou completamente a forma como eu via a Amazônia”. Edna, que nunca havia saído de Belém antes das filmagens, passou a enxergar com outros olhos o que estava ao redor: a floresta em risco, as desigualdades nas margens da estrada, os contrastes do progresso.
Ela contribuiu para uma denúncia que a própria Edna só foi entender com o tempo – e talvez tenha sido justamente esse olhar sem filtros, sem preparação e sem vícios de atuação que tornou Iracema tão verdadeira na tela. A Edna não tinha nada a ver com a Iracema, mas foi a personagem que abriu caminho para uma nova consciência, que, hoje, ela faz questão de revisitar e conversar sobre.
Distante dos holofotes, formou‑se professora, criou filhos e celebra a restauração do filme em 4K que devolve cada nuance de sua interpretação. O trabalho de restauração foi conduzido na Alemanha, sob supervisão de Martin Köerber, com coordenação técnica de Alice de Andrade.
A cópia remasterizada, distribuída pela GULLANE+, estreia no circuito brasileiro após passar pelo Festival do Rio e chegar à Berlinale 2025 na seção Forum Specials. Entre as feridas abertas da Amazônia de ontem e de hoje, Edna volta a ocupar o centro da conversa: uma mulher indígena que nunca sonhou em ser atriz, mas que emprestou seu talento para apresentar uma dura realidade ao mundo e depois seguiu vivendo do seu jeito simples.
Confira a lista de cinemas em que IRACEMA – UMA TRANSA AMAZÔNICA está em cartaz:
Norte:
Belém (PA)
- Cine Líbero Luxardo – Nazaré
Manaus (AM)
- Cine Casarão – Centro
Nordeste:
Salvador (BA)
- Cine Glauber Rocha – Centro
Maceió (AL)
- Centro Cultural Arte Pajuçara
Aracaju (SE)
- Cine Walmir Almeida – Centro
Fortaleza (CE)
- Cine Dragão do Mar
Sudeste:
São Paulo (SP)
- Espaço Petrobras de Cinema – Rua Augusta
- Reserva Cultural – Bela Vista
- Instituto Moreira Salles – Av. Paulista
Sorocaba (SP)
- Cineplay – Centro (NOVO)
Rio de Janeiro (RJ)
- Estação NET Rio – Botafogo
Belo Horizonte (MG)
- Una Cine Belas Artes – Lourdes
Poços de Caldas (MG)
- Instituto Moreira Salles
Centro-Oeste:
Brasília (DF)
- Cine Cultura Liberty Mall