Uma história sobre encontros, escolhas e quem somos no meio disso.

Amores Materialistas, novo filme da roteirista e diretora Celine Song, é daquelas obras que te pegam pela sutileza. Vendido como uma comédia romântica, o longa revela, na verdade, um drama sobre expectativas, escolhas e o que buscamos nos outros e em nós mesmos, quando o assunto é amor. O título pode até sugerir algo cínico, mas o que o filme entrega é sensibilidade e humanidade.
Dakota Johnson interpreta uma espécie de “matchmaker empresarial”, alguém que trabalha unindo clientes por meio de perfis, características e intenções. Mas o que começa como um sistema técnico de encontros vai se tornando, para ela, uma espiral de questionamentos: o que realmente conecta duas pessoas? O amor é algoritmo, acerto de planilha… ou algo mais caótico e subjetivo?
A grande sacada do filme é como ele trata os relacionamentos da protagonista de forma não linear (às vezes linear) e sem recorrer àquela velha fórmula de “dois caras disputando a mesma mulher”. Pedro Pascal e Chris Evans vivem homens que passaram pela vida dela em momentos diferentes, com visões e estilos totalmente opostos, e é aí que reside a riqueza. Nada de triângulo amoroso; o foco está em como cada vínculo deixou marcas e abriu caminhos. Tudo costurado com diálogos naturais, cheios de camadas e bem interpretados.

A atuação de Dakota é um show à parte. Ela domina a tela com carisma e melancolia, navegando com precisão entre o cansaço emocional e a busca por pertencimento. O roteiro de Celine Song permite isso ao equilibrar drama e leveza, sem forçar momentos cômicos nem melodramáticos. É um filme que confia na força das situações e nos silêncios entre as palavras.
Outro ponto brilhante do roteiro é o uso da própria empresa onde a personagem trabalha como espelho social. Os “clientes” e seus critérios viram ótimos exemplos de como os relacionamentos também estão contaminados por interesses, padrões e até convicções políticas. Tem a mulher que quer um homem rico. O cara que só quer jovens. E no meio disso tudo, a protagonista tentando entender o que é, afinal, essencial.
Amores Materialistas não se contenta em apenas contar uma história de amor. Ele prefere explorar o que torna as conexões reais ou artificiais e, principalmente, o que nos impede de encontrar alguém quando nem sabemos direito o que estamos procurando. É um filme que parece falar de namoro, mas está mesmo falando de identidade, tempo e escolhas. Um daqueles raros longas em que a simplicidade do enredo esconde uma profundidade tocante.
Nota: 4/5
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