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Quarteto Fantástico – Primeiros Passos | Crítica

A Marvel encontrou sua família – e começou do jeito certo

Crédito: 20th Century Studios/Marvel Studios. © 2025 20th Century Studios / © and ™ 2025 MARVEL.

Em Quarteto Fantástico – Primeiros Passos, a Marvel enfim acerta o tom com seus heróis mais problemáticos e promissores. Em vez de partir para a pancadaria intergaláctica de cara, o filme respira, observa, e escolhe construir um lar antes de um time de combate. O resultado é um longa que entende que o “quarteto” vem antes do “fantástico”.

Os efeitos visuais fazem jus ao nome: da elasticidade de Reed Richards ao brilho flamejante do Tocha Humana, passando pela densidade rochosa do Coisa e a elegância camuflada da Mulher Invisível, tudo tem textura, peso e personalidade. Mas o acerto principal está no equilíbrio entre ação e intimidade. Os personagens têm tempo de tela real, e o elenco sabe o que fazer com isso: Pedro Pascal traz o tom exato de genialidade contida, Vanessa Kirby encontra uma Sue mais madura e decidida, Joseph Quinn se diverte sem cair na caricatura, e Ebon Moss-Bachrach humaniza Ben Grimm como poucos já fizeram.

O filme tem coragem de olhar para dentro da casa antes de abrir a janela para o mundo. A trama central, o resgate do pequeno Franklin, dá a tônica emocional que tantas outras adaptações do grupo tentaram, mas não conseguiram alcançar. Quando o conflito finalmente explode (literalmente), a cidade é palco para a entrada avassaladora de Galactus, cuja voz, emprestada por Ralph Fiennes, carrega uma imponência quase divina. A comparação com Godzilla, aqui, não é exagero: a destruição tem peso, a ameaça é real, e a presença do vilão cósmico é respeitável, sem cair na megalomania.

Crédito: 20th Century Studios/Marvel Studios. © 2025 20th Century Studios / © and ™ 2025 MARVEL.

No entanto, nem tudo são acertos. A nova versão do Tocha Humana perde um pouco do seu charme fanfarrão, e essa era uma das marcas registradas do personagem. O filme escolhe um caminho mais centrado, o que funciona na construção da família, mas enfraquece o caos divertido que Johnny sempre trouxe às histórias. Outro ponto que pode dividir fãs: a liderança se dilui. Em momentos de tensão, Sue e Reed parecem revezar o protagonismo estratégico sem que isso seja exatamente claro ou orgânico.

A recepção da cidade ao grupo também diz muito sobre a proposta do filme. Nada de heróis escondidos ou temidos pela população aqui, o Quarteto é celebrado. Seus rostos estão em outdoors, eles são convidados para programas de TV, reconhecidos nas ruas. O mundo os conhece pelo nome e pelos feitos. Isso cria uma camada interessante de conflito público e privado, além de reforçar o quanto eles já fazem parte do imaginário coletivo daquele universo. Essa relação transparente com a fama funciona bem dentro da lógica familiar do filme: eles não escondem quem são, nem do mundo, nem entre si.

Crédito: 20th Century Studios/Marvel Studios. © 2025 20th Century Studios / © and ™ 2025 MARVEL.

O longa funciona sozinho, sem manual de instruções nem bagagem do MCU. Não há aparições-surpresa, nem conexões obrigatórias com eventos maiores da Marvel. Isso dá ao filme uma liberdade narrativa que ele sabe aproveitar. Ambientado em uma realidade paralela ao universo central dos cinemas, Quarteto Fantástico – Primeiros Passos pode ser entendido por qualquer espectador, seja fã de longa data ou recém-chegado. E isso, convenhamos, é um alívio.

Apesar dessas hesitações, Primeiros Passos é, de fato, um ótimo início. É uma história de origem que sabe não soar repetitiva, sabe o que homenagear (a ambientação nos anos 60/70 é puro charme retrô), e sabe o que deixar para o futuro. O Quarteto enfim encontrou um ponto de partida que honra suas raízes sem perder a conexão com o agora.

Nota: 3/5

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