Cinema, Crítica de Filme

A Duquesa Vingadora | Crítica

Mais vingança do que ação, mais personagem que espetáculo, porém tudo funciona em A Duquesa Vingadora

Não se deixe enganar pelo título pomposo: A Duquesa Vingadora não entrega uma figura saindo por aí em lutas épicas desde o minuto um. A construção é mais lenta e, curiosamente, isso funciona a favor do filme. O diretor Neil Marshall não tem pressa em entregar a ação, e isso dá tempo para o espectador entender o contexto, os personagens e, principalmente, a protagonista interpretada por Charlotte Kirk. A atriz entrega uma performance física e contida, equilibrando bem o drama e o instinto de sobrevivência.

O filme é, antes de tudo, uma história de vingança (que vai demorar a se justificar). Mas ela não é genérica. O roteiro tem momentos de pausa, permitindo mergulhar na atmosfera sombria e pesada de um mundo brutal, onde as estruturas de poder estão bem delineadas e são essas estruturas que a protagonista decide confrontar. O trio masculino com Sean Pertwee, Hoji Fortuna e Phillip Winchester não serve apenas de apoio ou antagonismo, eles ajudam a construir as tensões e dilemas da narrativa com atuações seguras e com boa química em cena.

As cenas de ação, embora esparsas, são bem coreografadas e funcionam como explosões pontuais de energia em um filme mais interessado em clima do que em espetáculo. Nada é exagerado e talvez por isso mesmo, cada confronto tenha impacto. Não há desperdício: quando a violência aparece, é para mover algo na trama ou marcar uma transformação da personagem. O diretor usa o espaço, a luz e o som a favor da tensão, e o resultado é uma ação crua, direta e sem glamour.

Outro ponto que surpreende positivamente é a relação construída entre a protagonista e o personagem de Phillip. Longe de ser um romance forçado ou puramente funcional, a ligação entre os dois vai sendo tecida com olhares, silêncios e cumplicidade nas decisões. Existe química e camadas. Isso dá uma carga emocional interessante à narrativa e adiciona mais elementos ao arco da personagem de Charlotte, que vai além da simples vingança e começa a vislumbrar outro tipo de futuro.

Apesar das boas qualidades, A Duquesa Vingadora tem um problema de ritmo e foco. O nome do filme só faz sentido de verdade depois da metade da história. Até lá, a protagonista parece mais reagindo do que liderando.

s de ação são bem executadas, mas poucas, e quem entra esperando um John Wick pode sair decepcionado. É mais um drama de vingança com ação pontual do que um filme de ação propriamente dito.

A virada, quando ela finalmente assume seu lugar no tabuleiro de poder, é satisfatória mas vem tarde. Há uma virada de tom que transforma a personagem e até justifica o título, mas falta intensidade para essa transição ser arrebatadora. A direção segura e o esforço do elenco ajudam a manter o espectador envolvido, mesmo quando a trama parece um pouco perdida entre os gêneros.


No fim das contas, A Duquesa Vingadora é um filme sobre posição, sobre ocupar um lugar que antes era negado. A vingança é o caminho, não o fim. É um filme mais contemplativo do que o marketing pode fazer parecer, mas para quem topa essa jornada, há momentos fortes e um universo intrigante a ser explorado.

Nota: 3/5

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