Prometeu ação, entregou família (e isso não é um problema)

Há filmes de ação que apostam na adrenalina. Outros, no drama. E de vez em quando surge um que tenta equilibrar os dois, colocando o colete à prova de balas numa mão e o coração na outra. É aí que entra Shadow Force – Sentença de Morte, um filme que se vende como um thriller explosivo, mas que acaba funcionando melhor como um drama familiar com pitadas de ação.
Na trama, seguimos um casal separado que tenta proteger o filho de uma organização secreta, Shadow Force, que até tem nome de elite, mas desenvolvimento de coadjuvantes esquecíveis. É nesse núcleo central que o filme realmente acerta: o trio principal convence, principalmente pela química entre Kerry Washington e Omar Sy, que seguram bem tanto as cenas de tiro quanto os momentos mais íntimos. A parceria deles dá aquele calor humano que muitos filmes do gênero deixam para trás em nome da pirotecnia.
O roteiro, mesmo tropeçando aqui e ali, tem boas intenções. Há uma construção cuidadosa da relação familiar, que ganha tempo de tela para crescer. Isso ajuda o espectador a se importar com os personagens, o que já é meio caminho andado. O filho do casal, interpretado com sensibilidade, funciona como uma âncora emocional da história, dando sentido às decisões dos protagonistas.

A ação, por sua vez, aparece em picos. Em vez de manter o ritmo pulsante, o filme prefere guardar seus momentos de explosão para cenas pontuais, o que pode frustrar quem busca intensidade do início ao fim. As coreografias de combate são funcionais, mas carecem de impacto visual ou criatividade. Não há uma grande sequência memorável.
O maior problema, no entanto, é o próprio conceito da própria Shadow Force. Somos apresentados a essa organização como uma ameaça quase mitológica, mas no fim das contas, ela nunca se torna verdadeiramente assustadora ou bem definida. Os antagonistas vêm e vão, sem muita identidade, e a equipe de ação que deveria ser a peça-chave, não tem a importância devida. O nome do filme promete mais do que o longa consegue entregar nesse aspecto.
Ainda assim, o terceiro ato dá uma sacudida bem-vinda na narrativa. Reviravoltas interessantes aparecem, trazendo surpresas e movimentando as peças com mais ousadia. Há um senso de urgência que finalmente engata, e o desfecho consegue amarrar emocionalmente a jornada dos protagonistas. O sentimento final é agridoce: vemos um filme que tem alma, mas que falta força na execução, principalmente quando tenta se colocar ao lado dos grandes nomes do gênero.
Se você busca um filme de ação que também quer contar uma história de reconciliação, proteção e laços que sobrevivem ao caos, Shadow Force pode ser uma boa pedida, desde que você aceite que o foco aqui não está nos tiros, mas nas consequências que eles trazem para quem aperta o gatilho.
Nota: 3/5
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