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Coração De Ferro | Primeiras Impressões

Genialidade caseira, luto sincero e efeitos de primeira – só falta largar o passado.

Crédito: Photo courtesy of Marvel. © 2025 MARVEL. All Rights Reserved.

Aos três primeiros episódios de Coração de Ferro, dá pra dizer que a Marvel tem, sim, um novo nome forte para o futuro: Riri Williams, vivida com carisma e energia por Dominique Thorne. A personagem carrega uma genialidade que não depende de hologramas e torres high-tech, ela cria com o que tem. E essa construção é um dos grandes méritos da série. Ver a protagonista colocando peças no lugar com criatividade, inteligência e alma dá aquele frescor que o universo Marvel estava precisando.

A série também se beneficia ao humanizar Riri. Ela vive o luto de forma silenciosa, dentro de casa, e essa camada emocional funciona bem ao lado da ação. A relação com a família traz calor, humor e profundidade, camadas que nem sempre são apresentadas no MCU. Os efeitos visuais também surpreendem, entregando cenas de ação bem acabadas, mesmo nos momentos em que a trama se segura um pouco.

Mas nem tudo são engrenagens bem lubrificadas. Coração de Ferro ainda parece travada na memória de Tony Stark. A todo momento há comparações, menções, paralelos, o legado do Homem de Ferro vira muleta, quando poderia ser apenas ponto de partida. Riri tem brilho próprio, mas o roteiro insiste em acender a luz do passado.

Crédito: Photo courtesy of Marvel. © 2025 MARVEL. All Rights Reserved.

Outro tropeço está na forma como a série apresenta seu antagonista. O Capuz, interpretado por Anthony Ramos, surge, mas pouco acontece nesses três episódios. Fica difícil levá-lo a sério ou entender sua importância quando ele mal ocupa espaço real no conflito. Faltou urgência e peso. E ainda há um ponto curioso: a busca de Riri por investimentos para sua armadura traz uma camada fora do padrão heroico, mas que a série ainda não justifica bem.

Mesmo assim, a série tem algo que prende: uma protagonista interessante, um mundo visual vibrante e um potencial real. Se conseguir soltar as correntes do passado, pode decolar sem precisar de propulsores emprestados.

Além do drama pessoal, a série ainda busca criar um microcosmo social para Riri. A ambientação urbana de Chicago, com seus contrastes e vivências, contribui para que o mundo da protagonista não seja genérico. Há um esforço para dar identidade própria ao cenário, especialmente nos diálogos e interações secundárias. Ainda assim, seria interessante ver mais da cidade como personagem, não só como pano de fundo, mas como parte ativa da trajetória dela como a Netflix fazia nas suas séries, de trazer a cidade para o espectro principal.

Crédito: Photo courtesy of Marvel. © 2024 MARVEL. All Rights Reserved.

Outro aspecto que merece atenção é o ritmo. Os três episódios iniciais apostam em um equilíbrio entre ação, drama e exposição, mas em alguns momentos esse equilíbrio se quebra. Há diálogos que se estendem demais apenas para reafirmar informações já conhecidas (como a genialidade de Riri ou a importância do legado Stark). Isso atrasa a narrativa e impede que o desenvolvimento avance de fato. A sensação é de que o potencial está ali, mas contido por uma estrutura ainda insegura.

Coração de Ferro parece estar em busca de seu próprio tom. Oscila entre ser uma série adolescente com pontos dramáticos e um spin-off tecnológico sério. Essa oscilação não chega a comprometer, mas sugere que os roteiristas ainda estão tateando o caminho. Se nos próximos episódios a trama abra espaço para riscos reais, decisões difíceis e menos reverência ao passado, Riri Williams pode se firmar não apenas como sucessora, mas como uma nova referência dentro do MCU.

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