Sangue, tensão e personagens marcantes em um thriller que não ousa tanto quanto poderia.

Prédio Vazio é um daqueles filmes que fisgam pela atmosfera. Desde os primeiros minutos, há uma sensação inquietante de que algo está fora do lugar. A câmera caminha devagar, os sons ecoam por corredores escuros, e o silêncio do lugar carrega uma densidade que se instala como personagem. E talvez esse seja o maior trunfo do longa: ele entende que o ambiente não é só um pano de fundo, mas parte viva da narrativa.
O prédio vazio (com o perdão do trocadilho) é representado de forma decadente, escuro, labiríntico que parece carregar memórias próprias, quase como um ser vivo latente. Cada parede, cada goteira, cada porta mal fechada carrega um passado implícito. A sensação de clausura não vem apenas da arquitetura física, mas do modo como os personagens se relacionam com aquele espaço: ninguém parece estar ali por acaso. Há uma aura de inevitabilidade, como se aquele lugar atraísse o tipo certo de aura.

Os personagens (principalmente a dupla protagonista) são eficientes em seu papel: há uma contenção neles que funciona. Ninguém precisa de grandes diálogos ou exposições longas; os gestos, as hesitações, os olhares já dizem muito. É curioso como o roteiro escolhe sugerir mais do que mostrar, ao menos nos momentos iniciais, criando uma tensão crescente que se acumula até que a violência (explícita, bem realizada e sanguinolência) comece a ocupar o centro da tela.
E sim, há sangue. Mas é um sangue que tem intenção. Não estamos falando de gore gratuito ou choque pelo choque. As cenas mais gráficas surgem como desdobramentos naturais da tensão construída anteriormente. Nesse sentido, o filme entrega uma espécie de catarse visual, que equilibra bem a estética com a função dramática.
No entanto, o roteiro central é onde Prédio Vazio parece hesitar. A trama principal, embora funcional, é previsível. Faltam curvas narrativas, surpresas genuínas, riscos maiores. O filme acerta em criar atmosfera, em desenvolver ritmo, em explorar o sensorial, mas joga seguro demais no fio condutor da história. É como se tivesse medo de ir além, de se complicar mais, de bagunçar um pouco a própria estrutura.
Ainda assim, o saldo é positivo. Há um domínio estético evidente, uma direção segura e um cuidado com os detalhes que tornam o longa interessante de acompanhar. Para quem gosta de thrillers urbanos com doses de horror e uma ambientação densa, Prédio Vazio é um passeio imersivo e, em alguns momentos, até perturbador. Só faltou mesmo arriscar mais alto para ser memorável.
Nota: 3/5
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