Com um olhar intimista e jornalístico, O Bixiga é Nosso usa as pessoas como o lastro narrativo.

Em 2022, quando as obras de uma linha de metrô revelaram vestígios materiais da existência do primeiro quilombo urbano reconhecido na história do estado de SP, a comunidade se uniu para tentar evitar este apagamento da história. Esta é a premissa de “O Bixiga é Nosso!”, longa documental dirigido por Rubens Crispim Jr.
Com um olhar intimista, porque traz os moradores do local para contar suas histórias e a relação com o bairro, e também temos uma estrutura jornalística para dar os detalhes do que ocorre, com riqueza e sempre explicando os andamentos das obras, com linearidade.
Percebe-se bastante paixão pelo local, as escolhas de personagens (ou pessoas reais, se preferir) geram um grande empatia com o espectador, pois ele consegue se conectar com eles e os lugares que vão sendo apresentados, com planos sempre de perto e andando pelas ruas do Bixiga.
A tradição e os eventos não são deixados de lado, o documentário traz a história do local, seja pelo samba ou como o bairro foi expoente de muitos elementos, e com isso somos imersos também na representatividade na história do local.

O único momento que perdemos a linearidade de fatos é justamente quando o roteiro mistura as pessoas e locais, mas mesmo assim ele entende sua força e continua colocando dados e traços de personalidade.
Quando ele retorna com seus ‘pés no chão’ ele mostra o engajamento das pessoas, não contra o metrô, mas sim, o apagamento histórico que as obras podem trazer, se não houver o cuidado correto das autoridades.
Há o teor político, usando justamente de como as obras são um ótimo negócio aos lugares, porém o roteiro faz a comparação de outras obras que já aconteceram, como os viadutos, para demonstrar as preocupações dos moradores.
A obra inclui a participação de integrantes de movimentos populares como o Teatro Oficina, Mobiliza Saracura Vai Vai, Bloco Afro Ilu Oba de Min, escola de samba Vai Vai, CCBIX, Casa Mestre Ananias, Portal do Bixiga e Museu do Bixiga, mesmo que todos tenham a cultura em meio, todos tem seus pontos preservados e elaborados.
Há muita história para contar, porém o documentário é competente e preciso, entende como fazer e o que precisa, mesmo quem não mora no bairro ou pouco conhece sua história, se sente tocado pela trama e quer saber quais são os desdobramentos que virão.
Nota: 4/5
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