Filme apresenta uma narrativa que mescla drama familiar e suspense psicológico, ambientada em um vilarejo na Borgonha.

A trama gira em torno de Michelle (Hélène Vincent), uma aposentada que leva uma vida tranquila ao lado de sua amiga e vizinha de longa data, Marie-Claude (Josiane Balasko). Michelle está ansiosa para passar o verão com seu neto, Lucas. No entanto, um incidente inesperado ocorre quando ela serve cogumelos venenosos à sua filha, Valérie (Ludivine Sagnier), durante um almoço em família. Esse evento desencadeia uma série de revelações que trazem à tona segredos e tensões há muito ocultos.
Ozon utiliza esse enredo para explorar temas como envelhecimento, maternidade e os desafios das relações familiares. A dinâmica entre Michelle e Valérie é destacada, evidenciando ressentimentos e desentendimentos. A introdução de Vincent (Pierre Lottin), filho de Marie-Claude recém-saído da prisão, adiciona camadas de complexidade à narrativa, questionando conceitos de redenção e segundas chances.
Ele também apresenta personagens idosos com profundidade e autenticidade, fugindo dos estereótipos frequentemente associados à terceira idade no cinema. Essa escolha confere ao filme uma sensação de autenticidade e ressonância emocional.
Visualmente, a história se destaca pela cinematografia que captura a beleza serena da paisagem rural da Borgonha, servindo como um contraponto à turbulência emocional vivida pelos personagens. A direção de arte e o design de produção trabalham em conjunto para criar uma atmosfera intimista que reflete os estados internos dos protagonistas.

Além disso, a paleta de cores quentes e terrosas reforça o tom melancólico da narrativa. A natureza, muitas vezes retratada como imutável e cíclica, se opõe às mudanças e rupturas internas dos personagens, contribuindo para a profundidade emocional do filme.
As atuações são um dos pontos altos do filme. Hélène Vincent traz uma performance comovente como Michelle, equilibrando vulnerabilidade e força. Josiane Balasko, como Marie-Claude, oferece uma presença sólida e empática, enquanto Ludivine Sagnier retrata Valérie com uma intensidade que evidencia as camadas de sua personagem.
O longa é uma obra que combina elementos de drama e suspense para explorar as intrincadas relações familiares e os desafios do envelhecimento. François Ozon mais uma vez demonstra sua capacidade de criar narrativas envolventes que ressoam com o público, oferecendo uma reflexão profunda sobre os laços que nos unem e os segredos que podem separá-los.
Nota: 4/5
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