Em um excelente thriller político, Dia Zero engloba bons personagens, temas e ainda traz a discussão de liberdade na internet

Robert De Niro é ex-presidente dos Estados Unidos George Mullen, que, como chefe da Comissão Dia Zero, é encarregado de encontrar os responsáveis por um devastador ataque cibernético que causou o caos no país e milhares de mortes.
Inicialmente a minissérie não traz os inimigos comuns americanos, como Rússia ou Oriente Médio, ele traz a invasão sem um deles, o que traz um começo interessante e fora do que esperamos. E ainda traz poucos detalhes dos mortos pelo ataque, com apenas um detalhe para mudar a rotina do protagonista.
O elenco nestes seis episódios de quase uma hora é perfeito, com dois destaques, De Niro como ex-presidente querido pelo povo, que é usado pela atual presidente (Angela Bassett) como um chamariz para cuidar dos eventos e Jesse Plemons que é um assistente pessoal de George, mas conforme a história avança, vamos o conhecendo melhor e suas escolhas políticas e pessoais.
A investigação segue em dois planos, como um thriller político, o lado do protagonista dentro da comissão, e os personagens fora, sejam eles os suspeitos ou os secundários que têm suas próprias tramas a seguir.
O espectador é facilmente envolvido, não só pelas divisões, mas por trazer a invasão cibernética aos sistema do país, como algo grave, preocupante e se vai voltar a acontecer algo, pois tem aquele ar de ‘apenas o começo’.
O protagonismo de Robert é mostrado em diversas vertentes, seja quando ele é visto na sua repetição de rotina pela manhã, suas manias aos anotar os dados e quando ele é o rosto por trás das investigações, onde ele passa de um bode expiatório a um possível salvador da pátria.

A direção e roteiro utiliza estes pontos de repetição, para trazer uma possível confusão mental, quando ele se perde em momentos específicos, e consegue imprimir presença de cena nas tensões que são criadas em todos os episódios.
Por termos um vilão invisível digamos assim, a série não possui diversas locações, ou mostra diversos locais nos Estados Unidos, temos basicamente, o centro criado na crise, a casa branca e a residência oficial de George, e isso não faz nenhuma falta.
Mesmo com poucos episódios, a série não acelera seus fatos para uma resolução ampla, o roteiro nos deixa no escuro por bastante tempo, pois temos acessos a diálogos comuns e as grandes reuniões mal são mostradas.
Além disso, o roteiro apresenta e também afasta os possíveis culpados com facilidade, sempre deixando alguma ponta solta sobre estes nomes para o episódio seguinte, e temos muitos nomes sendo apresentados. Isso também se aplica às mortes do elenco secundário
Um grande acerto é trazer o terrorismo doméstico como tema a ser desenvolvido, do que os ‘velhos conhecidos’ quando pensamos em inimigos que comumente aparecem. Claro, que temos citações da Rússia, mas nada com importância.
O caos instaurado é pouco abordado, mesmo com tensão espalhada nos episódios seguintes à invasão, o foco da trama são os problemas causados pelo ataque e não imagens dele ocorrendo.

A família de George é incorporada por dois motivos, seja sua esposa como seu porto seguro em meio ao caos, sua filha que está no meio político e é ativa em seus pensamentos a favor e contra a comissão liderada pelo seu pai. E ainda o roteiro tem tempo de explicar essa família, como seus dramas e problemas.
O lado político do lado a favor e opositor, da presidente e da comissão, demoram a vir, mas são ótimos elementos, principalmente quando chegamos nos últimos episódios, mostrando que até as crises são usadas como movimento políticos internos.
Dia Zero consegue ser diferente, por ter temas que são poucos abordados, com uma trama ágil e constante, sem pontos de respiro, mesmo nos momentos que ele parece pouco se importar, ela tem algo a dizer e mostrar, seja na política ou elementos humanos.
Nota: 4/5
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