A Voz Que Resta tem uma visão poética sobre o fim de ciclos e relacionamentos.

No filme, acompanhamos Paulo (Gustavo Machado) um jornalista em crise que vive um romance com sua vizinha casada. Em uma noite de bebedeira, ele finalmente expõe todo seu turbilhão emocional em uma fita cassete endereçada para a amada (Roberta Ribas)
Mesmo que parece à primeira vista, apenas um desabafo de um bêbado em uma noite qualquer, o longa que é dirigido pela dupla protagonista, faz isso de uma forma poética, com um cenário detalhista e uso das cores.
A adaptação da peça para o cinema se passa em apenas um único local, o apartamento de Paulo, mas diferente do espetáculo, temos bastantes detalhes (quase easter eggs) pelo lugar, há livros, discos e bebidas espalhadas, mostrando a personalidade do jornalista.
O monólogo é acima de tudo poético, ele transcorre pelos seus sentimentos, momentos com a amada, passa pelo casal, e ainda tenta imaginar como ela irá reagir ao receber a fita.
A dupla de diretores usa planos próximos e diferentes para uma maior dinamismo com o espectador, e trazer toda perda de sensibilidade que álcool traz, temos posturas e atitudes diferentes enquanto ele busca por mais uma dose.

A fotografia usa as cores para o tom intimista e para os sentimentos em cena, priorizando a intensidade do vermelho. Combinado ao cenário, percebemos mais detalhes.
Gustavo declama seu texto, com poesia e detalhes em cortes longos do ‘diálogo’ com a câmera, e sempre conseguimos perceber aquela voz embargada, que tenta não perder o rumo ao falar de seus sentimentos e seu momento de mudança.
Mesmo que ele esteja gravando para a amada, temos um grande desabafo sobre o fim do relacionamento e ciclos, a mudança que ele promove em sua fala, não é para tentar esquecê-la e sim, como ele está lidando com tudo, compreendendo o encerramento.
A intensidade das falas é aliada a uma trilha interessante, e com cortes que permitem que o protagonista se movimente e busque algo. Ela não se perde, mesmo quando o filme mostra apenas os dois juntos.
AVoz mantém sua aura teatral, em um filme sentimental, verdadeiro e certeiro, quando ele fala de momentos da vida que precisamos passar.
Nota: 4/5
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