Com uma visão jornalística, Encontro com o ditador mostra uma outra forma de entendermos um regime ditadorial.

No filme, o diretor mergulha nas profundezas da tragédia humana e apresenta um retrato íntimo e perturbador dos horrores vividos pela população cambojana entre 1975 e 1979, quando cerca de 1,7 milhão de pessoas foram exterminadas em um genocídio implacável. Baseado em uma história real, o filme acompanha três jornalistas franceses convidados a viajar para o Camboja em 1977 para um encontro com Pol Pot, o responsável por orquestrar um dos maiores crimes contra a humanidade do século XX.
A visão do filme é pelos jornalistas nesta reportagem especial, onde eles buscam pelas histórias ao chegar no país com os poucos recursos que tem, sem confiar em ninguém.
Com isso temos uma trama no ‘escuro’, onde eles vão atrás das informações e não confiam nos soldados que fazem a sua segurança e os levam para conhecer o país, privilegiando a visão de bastidores da reportagem.
Essa troca na clandestinidade é um tópico esperado em seu começo, porém ele tem um crescimento importante na trama, a partir do momento que eles começam a entender onde estão e como irão trabalhar que conseguem.
Essa sensação de medo e perseguição é constante e aumenta conforme o avanço da trama, onde eles começam a tentar sair do cercado que o governo colocou neles, e como temos uma visão pelo olhar deles, conseguimos perceber seus sentimentos, principalmente a insegurança em ser capturado.

O trio protagonista transmite essa intensidade e sentimentos com facilidade, de uma forma que não vemos em longa sobre ditadura, onde o próprio ditador se torna algo incansável e não temos uma presença constante de seu nome e rosto.
A fotografia segue por esse caminho também, temos cenas mal iluminadas, com luzes de velas, e muita luz natural, mantendo essa sensação de que o grupo está em más condições e não temos uma visão de fora.
A cada passo para frente, a equipe do ditador, eles fazem a equipe retroceder de alguma forma, com isso temos os sentimentos enfim explicados da forma de diálogos, que são perfeitos e didáticos ao espectador, além de termos os momentos de ‘ligar os pontos’, onde temos a melhor percepção da equipe.
Temos acesso às duas visões do regime, que são mostradas aos estrangeiros e à população, com as percepções de cada lado. Com isso temos acesso com duas perspectivas, e o roteiro e fotografia consegue incorporar estes dois momentos, até mesmo o uso de bonecos evidenciam qual opinião estamos observando.
E encontro com o ditador que dá nome ao filme, demora, mas enfim acontece, para que haja o confronto de ideias e histórias, sendo um dos bons momentos do filme, pois o roteiro traz diálogos fortes e contundentes, com um embate que podia ter mais tempo de tela.
Com um filme forte e intenso, Encontro com o ditador oferece uma outra visão sobre um regime ditatorial, mesmo com uma estrutura jornalística, o roteiro é preciso em suas ideias e elementos, e entende que visões precisa mostrar ao espectador e como fazer isso.
Nota: 4/5
Contato: naoparecemaseserio@gmail.com
Youtube: Canal do Youtube – Não Parece Mas É Sério
Facebook: facebook.com/naoparecemaseserio
Instagram: @naoparecemaseserio