Com uma ótima junção de música, dança e explicações do movimento. Salão de Baile: This is Ballroom se expressa bem com o público.

O filme é um mergulho no universo efervescente da cena ballroom do Rio de Janeiro, uma comunidade protagonizada por pessoas pretas e LGBTQIAPN+, que segue a trilha da cultura criada na década de 70, em Nova York, mas o que chama a atenção acaba sendo a pluralidade que a história traz e ainda consegue explicar para quem não faz a menor ideia qual é este movimento.
Dirigido e roteirizado pelas diretoras Juru e Vitã, temos duas coisas muito importantes aqui, o movimento em si, com as apresentações e quando ele pausa tudo para explicar tudo, com bastante didatismo.
Nas cenas de apresentações, temos muita cor, filmado com proximidade, mostrando toda troca entre os participantes, e nos momentos de respiro, temos toda a explicação da cena, os nomes, conceitos e os personagens reais contando a sua trajetória, como o ballroom o representa.
Isso é um ótimo elemento aqui, por que pensa no público que faz ou que conhece o movimento, e quem está sendo apresentado ao Ballroom (eu por exemplo) através do documentário. Inclusive o tom didático é ótimo não só para entender como funcionam os momentos de dança, mas como o movimento surge e com a sua devida importância.
Os diretores fazem claro, uma revezamento entre estes momentos, mas há uma preocupação de manter uma linearidade de eventos e sempre pensar em quem está vendo, sem se perder, com ainda o grande trunfo de trazer as histórias reais em momentos chave.

Incorporar essas histórias é orgânico em Ballroom, ele não precisa mudar a carga dramática ou estabelecer um novo ponto para trazer a narrativa; a montagem final faz isso com facilidade, por exemplo, ao explicar um movimento, momento ou casa, a história entra nessa hora, sem alardes e de uma forma perfeita.
Os grandes momentos são as batalhas, e as apresentações, e com isso temos a proximidade de uma forma rara, pois há transições de planos, momentos e jurados para trazer a energia daquele instante, com a música alta e envolvente. Nos sentimos como espectadores, já que estamos no meio do público em diversos takes.
Mesmo com o fato de tudo parecer algo divertido, há temas importantes aqui, como a importância das houses, quem viu no ballroom uma chance de expressar e de principalmente, de acolhimento. A trama principal entende e identifica estes pontos, com a dose correta de importância e sentimentos, com um boa carga dramática e tons pessoais.
O documentário é amplo de diversas formas, e consegue se manter assim por toda projeção, com cuidados certos e sentimentos balanceados, além de mostrar as potências das danças e movimentos de cada estilo. É completo e didático, com bons conceito e aplicações, funcionando bem para diversos públicos.
Nota: 4/5
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