Em um filme de narrativas e aceitação, Avenida Beira-Mar é uma aula sobre níveis de amizade e histórias de vida.

Uma nova amizade surge entre Rebeca (Milena Pinheiro) e Mika (Milena Gerassi), duas meninas de 13 anos que se tornam inseparáveis. Milena é nova na cidade, quando ela e sua mãe (Andréa Beltrão) se mudam para a cidade, em busca de uma vida mais tranquila, após o tratamento feito por ela, mas a história é ampla e cheia de significados.
Mika não se sente bem no seu corpo, com isso, deixa o cabelo crescer e começa a usar roupas femininas, isso atrai olhares preconceituosos da cidade e colegas de escola, porém ela não tem o apoio em casa de sua decisão, isso faz com que a amizade com Rebeca seja a único ponto de alegria.
O roteiro usa essa amizade que começa de uma forma comum, para expandir elementos, formas e cuidados com a temática LGBTQIAP+ que vai permear toda a trama principal, sem perder a delicadeza e ficar dentro do gênero coming of age.
A dupla protagonista tem diversos momentos, que vão desde elas lidando com o preconceito, uma brincadeira comum da idade e ainda lidar com o passado recente de Rebeca, que venceu uma grave doença.
A rebeldia juvenil está presente, mas como mais uma subtrama que o longa irá abordar, o roteiro tem na sua pluralidade, algo que poderia ser um problema, já que Avenida não é um filme longo, porém ele é superior em tudo que quer abordar, e se sobressai com uma excelente história cheia de fatores emocionais.

Em uma história cheia de significados, as atuações são precisas e interessantes, mas Milena é o grande destaque, uma personagem cheia de camadas, com muito para lidar a cada cena e ter tantos temas importantes para colocar uma posição, mesmo em momentos que temos mais um personagem junto com ela, prestamos atenção de como Mika irá agir naquele momento.
As relações são crescentes, por justamente precisar explicar ao espectador quem são, como se relacionam e se diversificam para enfim trazer seus bons pontos à tona, como as famílias das protagonistas, seus passados e ainda os problemas da adolescência.
As personalidades divergentes tem uma boa estrutura, para gerar indiferença primeiro e depois crescer a amizade, da menina nova com a menina que não se encaixa nos padrões, que têm diferentes situações de vida e a amizade as traz de volta de alguma forma.
A delicadeza de temas também se mostra na identificação de gênero de Mika, o roteiro vai aos poucos, quase que com calma, abordando como ela se sente, as roupas, a relação com a mãe (Isabel Teixeira) principalmente e as decisões baseadas no que ela passa.
Avenida é um filme sensível, com excelentes temáticas e atuações primorosas, além de ter temas pertinentes e bem executados.
Nota: 4/5
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