Cinema, Crítica de Filme

O Bastardo | Crítica

Em uma jornada de solidão e reconstrução, O Bastardo mostra a colonização de perto, sem glamorização e respeito às instituições.

Kongens Land – Zentropa – Nikolaj Arcel

Nas aulas de história sempre aprendemos sobre a colonização de novos lugares, e que pessoas eram escolhidas ou pediam para ir aos novos territórios para começar uma nova vida, porém muitas vezes eram pessoas sem condições financeiras para este processo, e ainda sofriam pressões da monarquia para produzir riquezas para o país.

O filme mergulha nas profundezas da Dinamarca do século XVIII, narrando a história do Capitão Ludvig Kahlen (Mads Mikkelsen). O personagem é um heroi de guerra orgulhoso, mas empobrecido, que embarca em uma jornada audaciosa para colonizar uma terra selvagem e aparentemente inóspita. Determinado a fundar uma colônia em nome do Rei, ele enfrenta não apenas os desafios da natureza implacável, mas também a ameaça do cruel nobre Frederik De Schinkel (Simon Bennebjerg).

A trama dirigida por Nikolaj Arcel (Loucos Por Justiça) mostra a realidade de perto, sempre com o protagonismo de Mads mostrando a rotina dura e muitas vezes desigual do qual ele vive agora, e mesmo sendo um ex-soldado ele não possui respeito e qualquer tipo de ajuda no local. Ele precisa lidar com diversas demandas ao longo do filme.

Nesse processo de conhecimento da nova rotina e trabalho, a fotografia e o diretor trazem elementos de desolação e solitário, mesmo quando ele tem a ajuda de outras pessoas em sua terra. Nos momentos que ele precisa dos representantes do governo, são outros cenários e abordagens, muitas vezes para mostrar os pontos de poder.

Kongens Land – Zentropa – Nikolaj Arcel

Além disso, o roteiro lida com os preconceitos da época, como trabalhar e conviver com ciganos, e poder da igreja e estado. Mesmo com uma estrutura visual definida, o filme é carregado de significados, momentos tensos e fortes diálogos.

A linearidade da história auxilia na crescência e dinâmica dos temas, para ir acrescentando novos recortes conforme Ludvig trabalha na sua plantação e precisa se sustentar e pagar o que deve. 

Mads demonstra capacidade de dar a Ludvig as camadas necessárias, pensando nas diferentes cenas que ele possui ao longo da trama principal, além de o vermos em um papel físico e tenso em muitos atos. 

A ambientação faz de Bastardo, um filme indigesto, por ter tantos temas difíceis e que precisam ser respondidos e colocados em determinados para mostrar o retrato da colonização e como não havia uma vida fácil ao vir para outro local, mesmo com serviços prestados ao seu país.

O roteiro até busca em seu protagonista um pouco de rebeldia para o sistema, mas acaba sempre mostrando que há um lado mais forte e que sempre irá vencer, com isso, é melhor remar a favor em alguns momentos.

A jornada parece lenta e desprezível em seu começo, mas a estrutura, o bom protagonista e ir aos poucos construindo a trama principal, consegue trazer um pequeno retrato desse momento histórico, com um olhar intenso e interessante.

Nota: 4/5

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