Em um filme intenso, com ótimos personagens e reviravoltas, Meu Casulo de Drywall é uma aula de execução e roteiro.

Temos muitas bolhas sociais, que não necessariamente evitam problemas de convivência ou de isolar o mundo ao redor. Afinal, viver em um condomínio, muitas vezes, se torna um exercício diário de lidar com o outro e personalidades distintas.
No filme escrito e dirigido por Caroline Fioratti (Os Ausentes) temos essa diversidade de elementos, pessoas e posições de poder, e o que fará tudo isso se chocar será a morte de um dos personagens.
Há muitos personagens divididos não só por núcleos, mas de acordo com os eventos que vão se desenvolvendo conforme o desenvolvimento entorno da protagonista.
Claro que olharmos com cuidado há uma diferença clara de tempo de tela, mas o roteiro entende bem quando precisa explorar os personagens, dois exemplos, simples; Patrícia (Maria Luisa Mendonça), a mãe que passa por diversos sentimentos, principalmente no dia seguinte e o pai (Caco Ciocler) tem poucos momentos, porém traz um arco dramático consigo impressionante.
Há muitos sentimentos latentes aqui, por justamente serem os dias seguintes e como cada um lida com a perda da amiga. Com essa pluralidade de sentimentos, damos atenção ao bom núcleo principal, Mariana Oliveira (Luana) que além de perder a melhor amiga, que tem lidar com os problemas em casa, e os meninos Nicollas (Michel Joelsas) e Gabriel (Daniel Botelho) que também lidam com tudo a sua maneira.

O roteiro troca de personagem sempre para trazer algo novo e envolver ainda mais o espectador na morte inicial, seja pelos flashbacks da festa ou eles contando o que viram ou lembram dos momentos da noite.
O uso do condomínio nos planos, também é elogiável, usando desde as câmeras de vigilância, as áreas comuns e os diferentes tipos de apartamentos, temos uma ambientação de lugar que ajuda na imersão da história e nas explicações dos arcos que envolvem os personagens principais.
Essas diversas camadas são excelentes, por justamente trazer thriller à tona, fazendo com que o espectador comece a juntar as peças, principalmente por que tudo ocorre com a visão de dentro do condomínio, não há elementos externos que influenciam a história.
Claro que trazer tramas demais vai também trazer problemas de continuidade, ou de baixa explicação, mas não há nada que deixe a desejar ou que falte, o essencial para chegarmos a resolução principal está no filme, e é chocante de alguma forma.
Há uma aura mais adolescente do que adulta aqui, por causa das idades dos personagens, mas ele não traz nada mundano ou descartável, para menosprezar o que eles sentem, tudo é muito próximo, pesado e real. Há como se relacionar ou perceber as inspirações no roteiro.
Podemos até demorar para entender a metáfora do casulo do título, entretanto somos envolvidos pelos dramas, problemas, atuações e realidade que vemos no condomínio, e ainda somos agraciados com um grande filme nacional.
Nota: 4/5
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