Cinema, Crítica de Filme

Zé | Crítica

O retrato intimista de Zé mostra uma visão particular sobre a ditadura, e como ela afeta os entes mais próximos e decisões cotidianas.

O título é uma adaptação da história verídica de José Carlos Novaes da Mata Machado (1946-1973), jovem líder do movimento estudantil que lutou contra a ditadura militar no Brasil. Perseguido pelo regime, precisou recorrer à clandestinidade, abrindo mão de uma vida confortável para se dedicar à alfabetização e à conscientização política dos mais pobres no Nordeste.

O filme dirigido por Rafael Conde (Fronteira) traz o momento da ditadura, porém é por apenas pelo olhar e atitudes de Zé (Caio Horowicz), que vamos entendendo como estamos na história do Brasil, e como ele resolve entender cada elemento.

Com isso temos um filme contido, explorando inicialmente a relação de Zé com sua esposa e filhos, onde ele prefere uma vida simples e humilde para trabalhar seus ideais, focando em locais longe dos grandes centros, onde muitas vezes, eles mal têm acesso a comida e água, então mal pensam em seus direitos como cidadãos.

O longa explora essa simplicidade pelos planos, detalhes nos cenários e fotografia, mostrando a precariedade em que Zé está, e quando ele retorna a casa dos pais, há a discrepância de elementos, como a mesa mais farta e dinheiro para usos fora das necessidades básicas.

Por ser um filme de rotina, pode parecer que falta emoção, por haver muitos diálogos que não discutem política e sim outros pontos, mas há momentos de dificuldade e de total apreensão por não sabermos se Zé pode ser capturado quando ele troca de casa ou refúgio. 

Com isso temos a ditadura como algo mais cru e distante, pois não há um núcleo propriamente dito de polícias ou um personagem que está no encalço de Zé e seu grupo; Os diálogos estão perto, mas a história fica um pouco longe do espectador. Não que seja um problema, pois desde a primeira cena é clara qual é a abordagem do filme.

Caio é vibrante aqui, uma atuação firme e concisa, por ter que trabalhar as camadas de filho, pai, rebelde e líder do movimento estudantil, há muitos temas a serem explorados em Zé, e ele tem cenas que saem de um simples conversas para um debate árduo sobre a ditadura, além de momentos de paternidade que possuem um tempo de tela interessante.

A realidade de fatos é densa pela posição quanto a seus ideais e quanto ele tenta sempre buscar uma alternativa para o momento que vive, e como percebemos com clareza seu entorno e como ele está mergulhado em uma realidade rara, temos um visão completamente diferente de José Carlos Novaes da Mata Machado.

Mesmo com as torturas e perseguições da ditadura, este filme não precisa da violência para contar sua trama principal, com isso temos um longa de fácil digestão digamos assim, para conhecer um líder dentro da ditadura e um não um grupo, ou os militares buscando alguém.

Não que Zé não seja intenso, mas ele tem outras coisas a dizer e se comprometer, usando uma forma pessoal de se falar da ditadura, com uma viagem pessoal interessante.

Nota: 3/5

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