Em um documentário que soube dosar toda as personalidades de Fernanda Young, aqui conhecemos outras facetas dela, através de poesias, entrevistas e cenas de seus produtos.

Fernanda Young – Foge-me ao Controle, documentário assinado por Susanna Lira é reunião de diversos trabalhos de Fernanda Young (1970-2019), mas que favorece a grande característica dela, a pluralidade de conteúdo e de tipos de produtos que ela produzia, como poesia, séries, além de entrevistas que ela sempre deixava seu ponto de vista claro.
A diretora não busca aquela linha do tempo clássica de um cinebiografado, há uma preferência em misturar tudo, e deixar cada elemento falar por si, seja nas declamações de poesia, ou ela simplesmente contando da sua vida.
Os excessos combinam com ela, pois ela roteirizava séries, como Os Normais (2001-2003) e Shippados (2019), escrevia seus livros e poesias com a mesma vontade e sempre deixava seu humor mais ácido contaminar seus resultados.
Há claro, momentos pessoais, quando Fernanda fala sobre seu processo de aprendizagem, casamento e filhos, até mesmo suas escolhas capilares são explicadas em momentos caseiros, e entrevistas onde ela sempre deixava sua opinião exposta sem se preocupar com o entorno.
Isso também é visto na sua vida pessoal, onde ela fala sobre os sentimentos de ser mãe, manter o casamento e ainda ser produtiva. De como ela buscou ajuda em momentos de maior pressão e fez tratamento para lidar com seu psicológico.
A relação de Fernanda com a arte é algo presente por todo o filme, ela fala de suas referências, suas inspirações e como lida com o mundo falando de seu trabalho. Sempre mantendo a intensidade que a montagem preserva pelos atos.
Tudo é poético, principalmente nas narrações das poesias e seus trabalhos artísticos que não envolvem escrita, a quebra fica pelos trechos que quebram o ritmo, trazendo o texto de Young como algo presente, mesmo sendo comédia, a diretora prefere bons diálogos, sempre sentimentais.
Não seguir uma linha é uma escolha interessante, porém há como encontrar algumas semelhanças na montagem, como pudéssemos prever o próximo tema, nada que seja um demérito aqui, mas em alguns momentos pode cansar o espectador que percebeu os padrões de exibição.
As diversas fases de Fernanda são vista aqui, seja pelos cabelos, roupas, corpos e fotos pessoais, somos novamente inundados pelos seus excessos, porém há detalhes dela explicando seus momentos e suas escolhas a cada fase ou momento da vida.
Não seguir uma linearidade de fatos e momentos é o grande trunfo de Foge-me do Controle por preservar a essência do biografado e deixar o seu trabalho falar por si só, fugindo do básico.
E com isso o filme funciona de diversas formas, como uma homenagem, mostrar a pessoa por trás das criações, traz momentos pessoais e introspectivos, e ainda serve como uma ferramenta para quem quer conhecer Fernanda Young depois de assistir ou ler alguns de seus produtos.
Nota: 3/5
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