Partido mostra apenas os bastidores e a visão de Fernando Haddad durante a eleição de 2018, como uma visão esperada e unilateral dos fatos.

Bastidores de eleições, campeonatos e conquistas têm se tornado comuns na produção audiovisual, a maioria claro, focando na vitória daquele grupo ou pessoa, porém o documentário dirigido por César Charlone, Sebastián Bednarik e Joaquim Castro não só mostra a trajetória de Fernando Haddad quando ele perde a eleição de 2018, como ele traz um recorte centrado nele, e pouco nos outros personagens, como Lula, Bolsonaro e sua vice na época Manuela D´Ávila.
O documentário se centra em dois pontos, seguindo o então não candidato em suas idas para Curitiba (PR) para visitar Luiz Inácio Lula da Silva na prisão, e as eleições daquele ano – quando enfrentou Bolsonaro no segundo turno, em um embate histórico, e foi derrotado. Mesmo que haja uma abordagem recente mostrando a vitória de Lula, e Haddad assumindo o ministério da fazenda, os primeiros elementos permeiam a obra com maior tempo de tela.
A câmera segue Haddad em sua rotina, sem focar tanto em dados, usando apenas alguns pontos, como a eleição e a impugnação de Lula. Os diretores inclusive, mostram um lado mais humano dele, ao focar em relações familiares, e aos poucos colocar a política como algo primordial.
Há muitos elementos de bastidores, porém há a preferência de trazer o protagonista, digamos assim, como um responsável em expor suas ideias, presentes em reuniões, deixando sua exposição maior para momentos de captação de votos em eventos e gravação de vídeos políticos.
Até mesmo seu adversário político tem pouco espaço, apenas momentos pontuais como seu crescimento político, o episódio da facada e as passeatas para explicar as decisões e as reuniões de campanha.
O olhar no que acontece e as decisões passam por Haddad, como o grande conciliador de dados e elementos, e ainda sua relação com os familiares (até seus cachorros) é importante para trazer suas escolhas pessoais e de campanha.

O olhar escolhido de bastidor, não se modifica por toda a trama, mesmo com a proximidade do dia da eleição. Os pontos de virada foram associados ao roteiro, com a formação da chapa Haddad-Manuela e a impugnação-prisão de Lula, mesmo que saibamos os rumos, foi interessante ver por dentro como elas foram tomadas.
Mesmo com o lado humano sendo um pilar aqui, há como perceber quais decisões passam por Haddad e quais foram tomadas pelo partido e ele assume a responsabilidade.
Não espere algo tecnicamente impecável e perfeito, a intenção não é mostrar alguém fora da curva e sim uma pessoa que esteve em momento eleitoral importante e teve que tomar decisões com base nos acontecimentos.
Claro que tem asco ou aversão ao partido dos trabalhadores não vai encontrar em Partido, um documentário limpo, sem problemas e imparcial, mesmo que a proposta não seja a eleição perdida e sim um nome que estava nela.
A abordagem se sobressai, com uma montagem diferente, mas é um lado, ou melhor, uma pessoa dentro do processo, com os seus pensamentos políticos, sem espaços para o outro lado. É pequeno, mas era esperado.
Nota: 2/5
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