Cinema, Crítica de Filme

Porto Príncipe | Crítica

Em um filme que busca trazer um novo olhar sobre tolerância e preconceito, porém sua trama mantém ela dentro do comum.

Através da amizade inusitada entre Bertha (Selma Egrei) e Bastide (Diderot Senat), o filme mostra como a força do encontro entre duas pessoas com histórias tão distintas consegue prevalecer sobre o racismo e a xenofobia presentes na sociedade.

A direção de Maria Emília de Azevedo e roteiro de Marcelo Esteves fala sobre olhares, tolerância e troca de experiências a partir de uma estrutura simples, pois o trabalho/adoção seria apenas para ajudar Bertha no trabalho, dar sossego ao filho que quer que a mãe mude de casa e dar dignidade a Bastide, refugiado que precisa de um lugar para morar e um trabalho.

Conforme a relação dos dois avançam, entendemos as nuances presentes na protagonista e como ela pensa diferente em relação a outros seres humanos, e ela é dura em suas palavras e ações, sem se importar com consequências. 

Temos a história sobre o olhar branco e dominante de Bertha, que não se importa com o seu empregado, isso se expande pelo local e as pessoas que dizem ‘ajudar’ quem chega ao lugar. afinal o fato dela conseguir o rapaz para ajudá-lo, sem grandes intercursos mostra que há algo na região.

Para trazer o outro lado, a diretora aborda a destruição e como o local de origem deles está precária e sair do país foi para tentar uma vida melhor, a montagem preserva a língua local para alguns diálogos, mas não deixa os bons temas do filme ficarem de lado.

Claro que há uma abordagem de tentar mudar o pensamento de Bertha a partir da criação de alguma intimidade entre os dois, ele traz o seu passado para a conversa e como chegou até o Brasil, e como aquele trabalho pode mudar sua vida. Ela tenta, à sua forma, entender, mesmo que ela continue seus julgamento após os diálogos.

Temos um pequeno vislumbre de melhor por Bertha, ela traz a figura de branco salvador, e tenta trazer uma imagem em desconstrução conforme o avanço do filme, em algumas abordagens que já vimos em diversas tramas com essa abordagem, que neste caso é necessário, mesmo com elementos brasileiros.

O crescimento de Bastide na trama é ofuscado pelos excessos de Bertha, quando ele começa a ter uma trabalho melhor e está estabelecido na região, o filme volta seus olhares ao protagonista, deixando ele como coadjuvantes em diversos momentos.

Assim como Porto Príncipe que sempre é retratado como um lugar em ruínas, que não tem esperança e a fuga dele é a única forma de uma perspectiva de melhoria de vida.

As boas mudanças na trama ficam pelos familiares dela, que possuem outras vivências e trazem novas subtramas para o filme, mudando a perspectiva esperada do longa, mesmo que ele fique fixo a algumas ideias, há diversas tentativas de mudar o rumo da história, que algumas funcionam, outras ficam subjugadas e pouco interferem na história.


Mesmo com diversos elementos esperados e uma condução sem grandes percalços, Porto Príncipe se mantém no retrato do seu começo, entendendo bem qual história quer contar e pouco se desprende dela.

Nota: 2/5

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