Mesmo lembrando o filme, a peça O Pai sabe trazer pro espectador os problemas do protagonista, sejam eles familiares ou psicológicos, além de uma grande interpretação de Fulvio Stefanini

Montada em mais de 30 países, a peça escrita pelo francês Florian Zeller (Meu Pai) rendeu a Fulvio Stefanini, os Prêmios Shell e Bibi Ferreira de melhor ator. E como na adaptação para os cinemas, somos imersos nas emoções do protagonista.
Na peça, conta a história de André (Fulvio), um idoso de 80 anos, rabugento, porém muito simpático e divertido. Quando a memória dele começa a falhar, a sua única filha vive um dilema: deve levá-lo para morar com ela e contratar uma enfermeira para ajudá-la a cuidar dele ou deve interná-lo em um asilo – para poder curtir a vida ao lado de seu novo namorado?
Em uma pessoa que começa a perder as cognições, ela começa a não entender o que é passado e presente, além de confundir nomes, lugares e momentos. Esse é o sentimento ao assistir a peça, temos a mesma dificuldade, de entendermos a linearidade de fatos.
O elenco secundário composto Carol Gonzalez, Wilson Gomes, Deo Patricio, Carol Mariottini e Fulvio Filho facilitam o processo de imersão na história, pois trocam de papeis, digamos assim, para deixar claro as trocas que o protagonista realiza. Ele troca nomes, locais e momentos.
O cenário moldável auxilia nas diversas trocas de momentos, pois muda as cores, posições, e como há diversos atos, não há tempo para digerir, tentar entender e juntar as peças, de ao menos saber se o diálogo visto realmente aconteceu, ou se estamos dentro da mente do protagonista.

Em um personagem com tantas camadas e momentos, Fulvio transita nas emoções de seu personagem, pois há momentos de pura alegria e carisma, a raiva de não encontrar as respostas nos diálogos, e ainda ter o drama quando ele não compreender o que ocorre ao seu redor. Atuação perfeita e envolvente.
Mesmo com a troca rápida de atos e personagens, tudo flui com maestria e seguindo eventos, quem assistiu o filme, vai reconhecer, mas não é nenhum demérito, já que a peça se tornou o filme, e Florian Zeller escreveu ambos, então similaridades eram esperadas.
Além das trocas de cenários, há também a troca de figurinos, menos no protagonista, e isso exacerba a confusão de André, com bons fechamentos ligados com a luzes do palco.
A carga dramática cresce ao longo dos atos, deixando Fulvio brilhar e exagerar nas emoções de André, trazendo o espectador para o final, sua troca de emoções e sua falta de sensação de onde está, é tocante.
A peça é uma grande mistura de sensações, sentimentos e arcos dramáticos, fazem do espetáculo algo imperdível, mesmo para quem conhece o longa vencedor do Oscar em 2021, vai sentir as angústias e problemas do protagonista.
Nota: 4/5
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Serviço
O Pai, de Florian Zeller
Temporada: de 5 de julho a 31 de agosto
Aos sábados e domingos, às 18h
Teatro UOL – Shopping Pátio Higienópolis – Avenida Higienópolis, 618 – Higienópolis
Ingressos: Plateia VIP – R$150 (inteira) e R$75 (meia-entrada) | Plateia – R$120 (inteira) e R$60 (meia-entrada)
Venda online em https://teatrouol.com.br/espetaculos/o-pai-2/
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos
Capacidade: 305 lugares
Acessibilidade: O teatro é acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.
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