Teatro

O Pai | Crítica

Mesmo lembrando o filme, a peça O Pai sabe trazer pro espectador os problemas do protagonista, sejam eles familiares ou psicológicos, além de uma grande interpretação de Fulvio Stefanini

© Joao Caldas Fº

Montada em mais de 30 países, a peça escrita pelo francês Florian Zeller (Meu Pai) rendeu a Fulvio Stefanini, os Prêmios Shell e Bibi Ferreira de melhor ator. E como na adaptação para os cinemas, somos imersos nas emoções do protagonista.

Na peça, conta a história de André (Fulvio), um idoso de 80 anos, rabugento, porém muito simpático e divertido. Quando a memória dele começa a falhar, a sua única filha vive um dilema: deve levá-lo para morar com ela e contratar uma enfermeira para ajudá-la a cuidar dele ou deve interná-lo em um asilo – para poder curtir a vida ao lado de seu novo namorado?

Em uma pessoa que começa a perder as cognições, ela começa a não entender o que é passado e presente, além de confundir nomes, lugares e momentos. Esse é o sentimento ao assistir a peça, temos a mesma dificuldade, de entendermos a linearidade de fatos.

O elenco secundário composto Carol Gonzalez, Wilson Gomes, Deo Patricio, Carol Mariottini e Fulvio Filho facilitam o processo de imersão na história, pois trocam de papeis, digamos assim, para deixar claro as trocas que o protagonista realiza. Ele troca nomes, locais e momentos.

O cenário moldável auxilia nas diversas trocas de momentos, pois muda as cores, posições, e como há diversos atos, não há tempo para digerir e tentar entender juntar as peças, de ao menos saber se o diálogo visto realmente aconteceu, ou se estamos dentro da mente do protagonista.

© Joao Caldas Fº

Em um personagem com tantas camadas e momentos, Fulvio transita nas emoções de seu personagem, pois há momentos de pura alegria e carisma, a raiva de não encontrar as respostas nos diálogos e ainda ter o drama quando ele não compreende o que ocorre ao seu redor. Atuação perfeita e envolvente.

Mesmo com a troca rápida de atos e personagens, tudo flui com maestria e seguindo eventos, quem assistiu o filme, vai reconhecer, mas não é nenhum demérito, já que a peça se tornou o filme, e Florian Zeller escreveu ambos, então similaridades eram esperadas. 

Além das trocas de cenários, há também a troca de figurinos, menos no protagonista, e isso exacerba a confusão de André, com bons fechamentos ligados com a luzes do palco.

A carga dramática cresce ao longo dos atos, deixando Fulvio brilhar e exagerar nas emoções de André e consegue trazer o espectador para o final, para trazer o que o protagonista sente no final, a sua troca de emoções e sua falta de sensação de onde está, é tocando.

A peça é uma grande mistura de sensações, sentimentos e arcos dramáticos.fazem do espetáculo algo imperdível, mesmo para quem conhece o longa vencedor do Oscar em 2021, vai sentir as angústias e problemas do protagonista a novo momento.

Nota: 4/5

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Serviço

O Pai, de Florian Zeller

Temporada: de 6 a 28 de julho

Aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h

Teatro Fernando Torres – Rua Padre Estevão Pernent, 588, Tatuapé 

Ingressos: aos sábados, R$120 (inteira) e R$60 (meia-entrada) | e aos domingos, R$100 (inteira) e R$50 (meia-entrada)

Venda online em https://bileto.sympla.com.br/event/94816/d/260291/s/1777252

Bilheteria (sem taxa de conveniência): de quarta a domingo, das 14h às 19h. E, em dias de espetáculo, das 14h até o início da apresentação.

Classificação: 14 anos

Duração: 90 minutos

Capacidade: 685 lugares

Acessibilidade: O teatro é acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.

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