A Filha do Palhaço fala da relação entre pai e filha em construção, com um filme tocante, dramático e com pontos de comédia precisos.

A ausência paterna é um tema presente principalmente em filmes de relações, normalmente temos uma ideia de que tipo de história iremos ver, mas A Filha do Palhaço usa o que esperamos, porém a relação entre pai e filha que aqui é profunda, encantadora e cheia de camadas.
Na trama principal, Joana (Lis Sutter), uma adolescente de 14 anos, aparece para passar uma semana com o pai, Renato (Demick Lopes), um humorista que apresenta seus shows em churrascarias, bares e casas noturnas de Fortaleza interpretando a personagem Silvanelly. Apesar de mal se conhecerem, pai e filha terão que conviver durante essa semana. Eles vão viver novas experiências, experimentar novos sentimentos e esse tempo juntos irá transformar profundamente a vida dos dois.
A direção de Pedro Diogenes (Inferninho) aproveita os dois atores em cena quase o tempo todo, para explorar a relação que se inicia fria e com poucas interações, para aos poucos com a passagem de tempo, encantar o espectador e trazer situações que são reconhecíveis em diversas famílias
Demick e Lis usam a química em cena para arcos dramáticos, a construção que saem de momentos frios para cenas intensas, com direito a até música para simbolizar a vida entre os dois, são brilhantes e trazem as camadas de cada um.
O roteiro usa a personagem de Renato com alívio cômico, incorporando a construção e finalização como parte da narrativa, para deixar os pés no chão e não ser um elemento fantástico fora de prumo na trama principal.

A relação entre pai e filha cresce entre os atos, a partir das conversas, saídas dos shows e momentos de lazer, com isso entendemos principalmente as decisões de Renato com a filha, os motivos de seu distanciamento e seu relacionamento homoafetivo após o término com a mãe de Joana.
Os cenários, principalmente o apartamento de Renato, são ricos em detalhes e estruturados para os sentimentos de cada cena, até mesmo o bar que renato gosta de ir após os shows tem seu propósito de estar ali.
O colorido do filme é por causa de Silvanelly, que sempre tem muito brilho, maquiagem exagerada, e sua própria voz. Como está incorporado ao apartamento de Renato todas as cores, a fotografia se aproveita para grandes takes coloridos.
A crescente do filme é imaginável, principalmente quando eles começam a se entender de alguma forma, mas em nada atrapalha ou desmerece a história. Ela não se perde ou se apoia nestes momentos.
A relação que vemos tem elementos conhecidos e desconhecidos, por causa da regionalidade de como Renato encara a vida, porém a viagem ao ver o filme é perfeita e não tem como se sentir alheio ao que vemos.
Nota: 4/5
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