Horizonte tem uma trama familiar, que sabe lidar com os sentimentos do protagonista, porém se perde no ritmo e na falta de explicações.

Filmes sentimentais são importantes, principalmente os que trazem as relações adultas de uma forma com que haja a ligação com o espectador, e como em uma determinada idade, há outros enfoques e realidades. Horizonte dirigido por Rafael Calomeni sobra em diversos quesitos, porém a montagem final não soube aproveitar essas nuances.
A trama conta a história de Rui (Raymundo de Souza) é solteiro e mora sozinho nos fundos da casa do irmão, que acabara de falecer. Seu sobrinho se muda para ali, com a família, e sua vida se torna insuportável. Rui decide ir morar em uma “vila para idosos”, construída por uma ONG. Lá, conhece Jandira (Ana Rosa) e os dois se tornam amigos.
Os atos seguem essa sequência de eventos na vida do protagonista, em boas (e longas) cenas, principalmente no primeiro ato, onde temos todo o contexto onde ele está e como ficou a sua vida após a morte do seu irmão, como tudo mudou.
O roteiro tem a preocupação em não só deixar tudo explicado, como mostrar a relação de Rui com o restante da família, e mesmo com eles tendo personalidades, há fluidez na trama principal e tudo segue com algumas surpresas para o espectador, já que não temos um início comum.
A fotografia e planos do acompanham a melancolia do protagonista, e dos sentimentos que vão surgindo das discussões com o personagem de Ronan Horta, que faz aquele parente que vive de aparências e na base da força e grito consegue o que deseja.

Raymundo traz as camadas para este protagonista que passa por muito, e ao mudar para vila, é nítida a mudança de personalidade (com até algumas trocas de cores) e como os desejos são diferentes, mas nem tanto assim.
A relação construída com Jandira evidencia algo no filme, que mesmo com uma trama inicial instigante, tem dificuldade em manter essa estrutura. Após os eventos com a nova companheira, o longa parece acelerar para finalizar, e perde as boas cenas que estávamos vendo, o próprio elenco secundário some e não retorna.
A diferença entre os atos, dá a sensação de dois filmes em um. Um ótimo primeiro ato, com excelentes cenas e construções impecáveis, mas essa atmosfera não se sustenta e se perde, quando os atos seguintes são resolvidos em um diálogo curto.
E a personalidade de Rui sofre com isso, enquanto ele precisa seguir em frente em meio aos problemas familiares e precisa se encontrar, e Jandira e a vila parece ser essa solução, o roteiro não sustenta isso, como acelera tudo quando mostra o passado da paixão do protagonista.
Horizonte tem boas intenções, e ele fosse uma lista de objetivos do que um filme, marcamos muitos pontos em seu começo, e íamos colocando menos pontos conforme ele vai chegando em seu final. Uma pena mesmo, já que a cena inicial é brilhante.
Nota: 2/5
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