Cinema, Crítica de Filme

As Bestas | Crítica

As Bestas consegue criar diversos pontos de tensão, com uma história forte e cheia de simbolismo. Confira a crítica completa.

Antoine (Denis Ménochet) e Olga (Marina Foïs) são um casal francês que se estabeleceu, há algum tempo, numa pequena aldeia, no interior da Galícia. Lá eles levam uma vida pacífica, embora coexistir com a população local não seja tão idílico quanto eles gostariam. Um conflito com seus vizinhos, dá origem a diversos problemas pelos atos do filme.

O roteiro inicialmente parece não se preocupar com diversos detalhes, como quanto tempo eles estão instalados no local, como eles se desenvolveram com a comunidade local (eles vendem produtos orgânicos) e se estamos vendo apenas um casal realizando um sonho. E mesmo assim, o diretor Rodrigo Sorogoyen (Madre) consegue criar diversos pontos de tensão, e nos deixar com a sensação que algo vai dar errado a qualquer momento.

Aparentemente a relação entre o casal e os vizinhos, é “apenas” xenofobia, por eles se instalarem no local, que é uma vila onde todos se conhecem há muito tempo, porém os diálogos tensos, nos leva além deste sentimento básico, e no avanço da história, há diversos motivos para as brigas entre vizinhos. 

Os desconfortos entre eles passam pela língua, a não criação de laços e a resistência do protagonista em aceitar as demandas do local. E Antoine por ser um homem que quer evitar o contato para se preservar, são ainda mais elementos que vão sendo inseridos pelo roteiro a cada novo diálogo.

Essas conversas são duras, intrigantes e principalmente tensas, mas este filme tem algo interessante sobre estes momentos, quando o diálogo se intensifica, temos a sensação de ‘é agora’, mas eles terminam. E quando ocorre outro momento, temos o mesmo sentimento. 

Essas diversas construções, que ocorrem por motivos diferentes, crescem por motivos diferentes, algumas por provocações, tentativas de paz ou mesmo quase um início de luta física. 

As hostilidades entre os dois são diluídas pelas discussões, onde não há clareza de onde a história pode caminhar, já que além dos pontos nervosos, as conversas adicionam novas informações e momentos.

As atuações de Denis Ménochet e de Luis Zahera são impactantes e elogiáveis pela carga dramática que cada uma possui, a química entre eles é tão impactante para o espectador, que basta um olhar entre eles, que já esperamos que algo vai ocorrer.

Como toda história de relações humanas, vamos concordar ou não com as decisões do protagonista em tentar finalizar os problemas, e também os momentos que ele coloca mais sentimentos na mesa. Não há nada questionável, apenas escolhas pessoais que estão em jogo.

As Bestas é formidável pela sua atmosfera e atuações. Com uma forma de construção de relações admirável.

Nota: 3/5

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