Em uma temporada que mescla suspense, ação e investigação. DNA do Crime traz brasilidade para uma série policial. Confira a análise da primeira temporada.

A série criada Heitor Dhalia (O Cheiro do Ralo e Serra Pelada), Bernardo Barcellos (Quero ter Um Milhão de Amigos) e Leo Levis (Irmandade) com distribuição Netflix traz uma série policial com investigação, nos moldes que estamos acostumados em séries de outros países, mas faz o essencial, traz uma história brasileira, que conversa bem com o espectador e principalmente não tira o pé do chão, mesmo utilizando métodos científicos.
A primeira temporada conta que após um assalto de proporções épicas a uma instalação de uma seguradora de valores em Ciudad del Este, no Paraguai, os policiais federais da delegacia de Foz do Iguaçu, no Brasil, empreendem uma investigação inédita. Seguindo a trilha das amostras de DNA coletadas, descobrem um fio que conecta o roubo no país vizinho com outros crimes recentes e desvendam um plano ainda maior envolvendo criminosos dos dois países. A análise de um único caso transforma-se na maior investigação contra roubos a patrimônio da história do Brasil.
O protagonismo dos oitos episódios se dá por Suellen (Maeve Jinkings) e Benício (Rômulo Braga), aquela típica dupla que se une por um motivo improvável, com motivos e personalidades distintas, e conforme os episódios se passam vamos conhecendo a jornada de cada um até aquele lugar.
A trama principal do roteiro se mantém no grupo responsável pelo assalto do primeiro episódio, porém nos sete seguintes, percebemos que há uma variedade de subtramas que se unem a investigação principal, ou servem para agregar elementos dos personagens secundários.
Mesmo com uma dupla principal, há muitos personagens interessantes em Dna do Crime, seja pelos investigadores forenses, o delegado principal ou outros policiais que estão no processo de encontrar os responsáveis, são importantes para a história.

Mesmo tendo referências de séries policiais de outros países, e algumas semelhanças principalmente nas cenas de ação, aqui temos uma série brasileira que aborda elementos que fazem sentido para nós, e que nos conectam melhor com essa estrutura.
O vilão digamos assim, Sem Alma (Thomás Aquino) também aborda estes elementos. Ele, no caso, tem a religião como o seu guia e o poder vem de acordo com as suas realizações. O personagem destaque e que tem o melhor desenvolvimento.
A série também não perde o elemento humano em seus episódios, não há nenhum super herói ou alguém com habilidades acima da média. Todos fazem o que está ao seu alcance, seja de uma forma inconsequente ou racional e premeditada.
A ação é bem filmada e une planos e construções que normalmente vemos em grandes produções. Seja mostrada de perto ou de longe, ela é imponente e traz o melhor dos atores em cena.
Há claro dois núcleos separados, que são unidos aos poucos por Thomás Aquino, onde vemos que ele está longe de ser um vilão óbvio e com determinações esperadas, mas claro, não está preocupado com quem tem que tirar do caminho.

Como o desenvolvimento dos episódios, temos novos núcleos que acabam se formando, fora das bolhas ‘bons e maus’. O roteiro soube entender os melhores momentos para afastar e unir estes personagens.
Como estamos na tríplice fronteira, a série se desloca entre os países, para ajustar a investigação, e trazer novos personagens para a trama principal, e aos poucos adicionar a ciência como parte da investigação.
Há uma preocupação clara em explicar para o espectador, os métodos e como eles se encaixam na investigação, já que não temos apenas o vilão para ser capturado. E até mesmo alimentos comuns no Brasil como salsicha e coxinha, são usados para apontar um suspeito.
As interpretações de Maeve Jinkings, Rômulo Braga e Thomás Aquino são surpreendentes, sejam por começar pequenas e irem trazendo o passado de seus personagens, com as motivações possíveis resoluções, engrandece a história principal.
Mesmo com apenas 8 episódios, o crescimento dos eventos da série funcionam de uma forma que prendem o espectador para o próximo, e sempre busca alguma novidade para sair de um possível marasmo, já que o vilão principal é o mesmo na temporada.
O final épico faz jus a essa construção, e faz de DNA do Crime uma série interessante, com uma realidade brasileira interessante, com uma trama que mescla ação, ciência e suspense com facilidade, além de excelentes interpretações.
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