Diário de Uma Onça combina biologia, ecossistemas e sabe contar uma história de preservação das onças e pantanal, fugindo dos clichês de um documentário. Confira a crítica completa.

Diário de Uma Onça, produzido por WCP em coprodução com Ventre Studio e Globoplay, narra a jornada verídica de três onças-pintadas através de uma perspectiva inédita: o relato em primeira pessoa. A narração fica a cargo de Alanis Guillen (Juma de Pantanal), que dá voz à Leventina, uma jovem onça-pintada que precisa se proteger de predadores e da ameaça humana. Fora esse advento da linguagem voice over, tudo no filme é real. O projeto será lançado no Brasil pela Boulevard Filmes nos cinemas, e depois estreia no Globoplay.
Documentários e filmes de preservação normalmente usam o lugar como referência, com uma narração marcante e principalmente pauta, para contar a sua história, porém os diretores Joe Stevens, Fábio Nascimento e Mario Haberfeld não utilizam nada do que estamos acostumado, o que ajuda no encantamento do que vemos na tela.
A narração de Alanis foge do convencional, nada de voz marcante e suave, ela traz a informalidade e uma linguagem interiorana, focando na voz da sua ‘personagem’ e não como o contadora dessa história. Como isso acabamos tendo uma nova visão sobre o Pantanal através dos olhos da onça, não de fora do ambiente.
Os conceitos biológicos estão presentes ao vermos o ciclo da vida das onças, pela ONG Onçafari, que envolve a preservação do ecossistema e dos felinos. Para isso eles se utilizam dos biólogos que atuam diretamente com elas, também fugindo dos clichês de documentário, pois apenas acompanhamos seu trabalho, sem entrevistas para a câmera.

Os anos escolhidos são certeiros, pois além de acompanharmos um ciclo de vida completo de três onças, temos o retrato atual do Pantanal, com suas épocas chuvosas, secas e incêndios dos últimos anos, todos esses momentos estão representados nos arcos do filme, com a sua importância ambiental e como elas modificam essa ecossistema.
Como a visão é por Leventina, a narração é um elemento primordial, pois há os sentimentos que percorrem a onça em situações que precisam ser explicadas ao espectador. E como temos o tom de conversa, tudo funciona organicamente.
Acompanhar os biólogos dentro do habitat das onças, usando seu conhecimento em prol da preservação, sem precisar daquele momento sentado em frente a câmera fazendo explicações como uma voz de especialista, temos eles dentro do seu trabalho, mostrando as suas emoções a cada novo ato, problema ou realização que ocorre.
O roteiro estrutura essa jornada de trabalho, modificando a participação deles na história central. Eles começam como meros coadjuvantes, para os principais responsáveis pela preservação das onças,
Diários de Uma Onça é certeiro no que se propõe e sai do marasmo de documentários ambientais, sem sair do ritmo e com uma ótima história na tela.
Nota: 4/5
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