Pedágio é uma crítica bem pensada a sociedade, ainda mais quando representam o julgamento de uma pessoa homossexual em paralelo a criminosos, e vemos qual é mais crucificado pelos olhos dos outros. Confira a crítica completa.
Dirigido por Carolina Markowicz e estrelado por Maeve Jinkings (Suellen) e Kauan Alvarenga (Tiquinho), Pedágio é uma grande crítica a sociedade, além de mostrar a homofobia descarada, que tantos jovens sofrem no Brasil e no mundo, como algo normal.
O filme começa mostrando a rotina de Suellen (Jinkings) no pedágio em que trabalha, até ela decidir entrar no mundo do crime para levantar dinheiro suficiente para pagar um tratamento religioso que promete curar a homossexualidade do filho Antônio, apelidado de Tiquinho.
Ao longo do filme percebemos que todos os adultos ao redor de Tiquinho cometem erros gritantes, como Arauto (Thomas Aquino) que rouba dos outros e é cúmplice de um assassinato, a colega de trabalho de Suellen, Telma (Alice Marta Maia), que trai o marido todos os dias, e no fim vai ao culto com ele agradecer pelo casamento que tem, além do pastor (Isac Graça) que condena a sexualidade dos jovens e os faz passar por situações absurdas para tentar “purificá-los”. Porém, o único que é de fato julgado e criticado pelos outros é Tiquinho, apenas por ter uma orientação sexual diferente da dos demais.
A fotografia é bem construída e quase sempre mostra Tiquinho em cenários coloridos e vibrantes, enquanto mostra Suellen em cenários cinzas e com neblina, o que pode representar a personalidade deles, totalmente contrária. As atuações e o roteiro devem ser parabenizados, visto que conseguem oscilar entre comédia e seriedade com facilidade, além de prenderem o espectador com a vida pessoal de cada personagem complexo da trama.
No fim, após Suellen pagar pelos seus crimes, enquanto Arauto sai impune de tudo, é seu filho quem a ajuda e arruma um emprego pra ela, mesmo depois dos eventos que vimos. Mas, ainda vemos o olhar de julgamento, quase desprezo, que ela tem pelo filho, nunca o aceitando como de fato ele é.
A trama nos faz refletir sobre o peso que a sociedade coloca nos atos de cada pessoa, fazendo a homossexualidade ser até mais imperdoável do que cometer um crime, fazendo a balança se inverter ao que seria certo e justo.
Com um alcance internacional, este filme promete ser um dos maiores lançamentos brasileiros independentes do ano, com estreia marcada para 30 de novembro.
Nota: 4/5
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