Espetáculo de dança traz excelentes dançarinos e coreografias, porém, ao querer integrar outras linguagens, deixa a desejar no teatro. Confira a análise do espetáculo.

Quando a noite se faz num dia, por um eclipse, um circo aparece por entre as sombras convidando a todos para adentrar seu picadeiro. A estreia nacional do espetáculo do Laboratório Siameses traz um mito que faz parte das pesquisas do grupo sobre a temática da imaginação, da natureza e do divino.
O espetáculo tem direção de Maurício Oliveira e Tono Guimarães, apresentando Danielle Rodrigues, Lucas Pardin, Maurício de Oliveira, Moisés Matos, Sthéphanie Mascara, Vinícius Francês e Joy Catharina.
A proposta de unir dança, teatro e música é ousada e poderia ter sido bem desenvolvida não fosse a falta de integração e sentido entre as três linguagens na execução.
Começando pelo roteiro, embora tenha sido proposto um enredo do surgimento do circo em uma noite de eclipse, os textos, danças e músicas pareciam desconexos entre si. As cenas faladas traziam ótimos elementos discursivos para o espetáculo, porém, a busca dos atores em quebrar a quarta parede (como eles mesmos chamaram) e fazer a plateia rir foi em vão, visto que as interpretações não alcançaram o esperado. Os atores falavam baixo e esqueciam da construção corporal da dança nas cenas de teatro, o que foi uma pena ter acontecido.

A escolha por um espaço circular dentro da grande caixa quadrada convencional (o palco) foi uma boa alternativa para significar o eclipse e demarcar as cenas. O espectador sabia que ao entrar no círculo, as ações dos artistas passavam a fazer parte do todo, sendo concluídas ao sair de lá.
Porém, a alternativa de encenação de colocar uma cortina transparente ao fundo do palco, como uma coxia onde os atores se preparavam para as próximas cenas, foi um ponto prejudicial para a experiência do público. Ali era apenas um lugar de espera onde os atores descansavam, trocavam de figurinos, bebiam água e se maquiavam. Esse foi um fator responsável por tirar a atenção do público das cenas do círculo, sejam de dança, música ou teatro.
As músicas interpretadas por violino, trompete, percussão e alguns recursos digitais encaixaram-se bem com as ações que aconteciam ali e criaram as atmosferas adequadas para cada momento. O que não agradou foi a música Construção (Chico Buarque) ser jogada no espetáculo como um número que não acrescentava em nada e nem fazia nenhum sentido com tudo que estava ocorrendo.
O alto desempenho dos dançarinos foi um respiro positivo diante do todo. As coreografias mesclaram movimentos de dança contemporânea com artes marciais em geral, além da capoeira e outras manifestações rítmicas e artísticas brasileiras.
Nota: 2/5
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Serviço
O Circo da Meia-Noite, de Laboratório Siameses
14 anos
70 minutos
Galpão do Folias
Rua Ana Cintra, 213 – Santa Cecília
2 a 26 de novembro.
Quintas, sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 19h.
Ingressos: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia)
Vendas online pelo site https://bit.ly/circodameianoite