Cinema, Crítica de Filme

Vidas Passadas | Crítica

Vidas Passadas é um filme sobre desencontros, que sabe exatamente onde quer chegar e é bem executado, exaltando o gênero “romance dramático” pouco visto atualmente nos cinemas. Confira a critica do longa que chega aos cinemas em 2024.

Dirigido por Celine Song e protagonizado por Greta Lee (Nora) e Teo Yoo (Hae Sung), este filme foge do gênero romântico que estamos acostumados, visto que apesar do amor estar presente, não recebemos um final feliz ou ao menos um beijo dos protagonistas. Mas, antes das considerações, vamos resumir o filme:

A história começa quando os protagonistas têm 12 anos de idade e são inseparáveis na Coreia do Sul, mostrando que apesar de extremamente jovens e implicarem demais um com o outro, eles estão apaixonados e vivem aquele namorico de criança, onde seu maior ato romântico é ficar de mãos dadas.

A trama de fato começa quando a família de Nora, que até então se chamava Na-Young, decide se mudar para a América do Norte para tentar uma nova vida, e assim os protagonistas se despedem com um triste “adeus”, com a esperança de um dia se encontrarem novamente. Doze anos depois, Hae Sung nunca a encontrou nas redes sociais por conta da mudança de nome da protagonista para um nome americano, até que ela vai atrás do rapaz e vê os comentários dele online dizendo que estava procurando por ela todo esse tempo.

Os dois iniciam uma espécie de romance virtual quando conversam todo dia por vídeo chamada, até que decidem cortar a comunicação visto que o romance não daria certo pelo distanciamento. Nora conhece e se casa com um americano, Hae Sung começa a namorar com outra coreana. Doze anos se passam novamente, Hae Sung está solteiro e decide passar as férias em Nova Iorque e Nora aceita revê-lo. Nessa semana de encontros e conversas profundas, após mais de 20 anos sem se verem pessoalmente, eles relembram a palavra “In-Yun”, muito usada no filme, sendo um termo coreano para explicar o porque duas pessoas se encontram na vida, como o destino.

É nítido que os dois ainda sentem algo forte um pelo outro, mas não vão abandonar suas vidas para ficarem juntos, incluindo o casamento de Nora com Arthur (John Magaro). Após um encontro engraçado e profundo em um bar tipicamente americano, com Nora, Hae Sung e Arthur, os protagonistas se despedem novamente quando Hae Sung precisa voltar para a Coreia; Nora fica desolada e é consolada por seu marido, que no fundo sabe a paixão ainda existente que sua esposa mantém pelo coreano. O filme acaba com Hae Sung com um olhar triste vendo a fantástica cidade americana, enquanto a deixa.

A fotografia é excelente e muito bem trabalhada, com cores, formas geométricas e enquadramento da câmera representando a distância dos dois. Os atores sabem transmitir a angústia interna que os personagens sentem, com esse conflito romântico que conviveram por toda vida, além de trazer um alívio cômico quando necessário, quebrando um pouco aquele clima dramático que o filme carrega.

É nítido que usam o idioma (coreano x inglês) para dividir claramente Hae Sung e Arthur, mostrando que Nora tem uma parte que um entende perfeitamente, enquanto o outro não entende nada, mesmo com esforço.

Por fim, esse filme é um retrato mais realístico e pouco ilusório do que o romance pode ser, visto que nem sempre duas pessoas que se amam ficam juntas, e são obrigadas a conviver com a dúvida interna: “e se?”. Os protagonistas demonstram a esperança de se reencontrarem em uma próxima vida e fazerem dar certo, ou talvez já terem sido algo na vida passada, o que da nome ao título do longa.

No geral, esse é um excelente filme de drama, que é capaz de emocionar várias gerações e realçar um gênero romântico pouco visto nos cinemas: aquele sem o felizes para sempre; que nos deixa com uma sensação amarga, mas entendível, no final.

Nota: 5/5

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